Grupo gaúcho ocupou a frente e o quarto andar do Ministério da Saúde
A entrada e o 4º andar do Ministério da Saúde, onde fica a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Brasília (DF), foram ocupados por cerca de 80 indígenas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina na manhã dessa terça-feira (29). Índios das nações kaingang, guarani mbyá e charrua também ocuparam as sedes da Sesai em Curitiba e Guarapuava, ambas no Paraná, e de Porto Alegre (RS), além de bloquearam rodovias nos dois estados para cobrarem assistência médica decente.
Segundo os índios, uma criança morreu no litoral gaúcho devido à falta de atendimento médico. De acordo com as lideranças, o atendimento médico a indígenas é “um caos” na região Sul do país. “Falta definição da gestão, sobra incompetência, além do que a transição da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) ainda provoca sérios problemas na saúde de nossos povos”, diz Pedro Kaingang em nota divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Saúde básica
Os problemas enfrentados, segundo os indígenas, vão de aspectos simples, como aquisição de leite em pó para crianças em risco nutricional, transporte e leitos para pacientes indígenas, farmácia para aquisição de medicamentos fora da lista básica, chegando a atendimentos de alta e média complexidade, equipamentos médicos e saneamento básico nas aldeias.
A situação é tão grave, conforme os indígenas, que uma das reivindicações é a realização de contratos com funerárias, recursos para pedágios e a locação de sedes físicas. “Essa semana morreu uma criança Guarani, no litoral do RS, por falta de assistência. Declaramos estado de calamidade pública. Existem aldeias que não há água para beber”, explica Pedro.
Distrito Sanitário
Os indígenas também cobram a instalação de um Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) no Rio Grande do Sul e Santa Catarina para facilitar a gestão da saúde. O problema é que em junho de 2011, durante seminário realizado em Santa Catarina, o coordenador da Sesai Antônio Alves prometeu o DSEI, mas até agora, quase um ano depois, não abriu Grupo de Trabalho para a abertura do distrito.
“Enquanto eles prometem e não cumprem, nosso povo morre. Isso tem que acabar e por isso estamos aqui”, encerra Pedro Kaingang. Os indígenas buscam audiências com o coordenador da Sesai e ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Com essa mobilização, sobre para cinco o número de protestos indígenas no Brasil entorno de questões envolvendo a saúde.
Outras mobilizações também ocorreram em Rondônia, Maranhão, Tocantins e Acre.
Fonte: Caros Amigos