Inquérito conclui que garoto etíope sofreu racismo em São Paulo

Por Daiane Souza

 

A Polícia Civil de São Paulo (PCSP) concluiu como crime de racismo o inquérito sobre o caso da criança etíope expulsa da pizzaria Nonno Paolo, na capital paulista em dezembro de 2011. No relatório entregue à Justiça, a PCSP informa que o delito foi caracterizado pelo fato de o garoto ter sido retirado do local por motivo de preconceito a sua raça e impedido de retornar ao encontro dos pais que jantavam no local.

Responsável pelo caso, o delegado Márcio de Castro Nilson, do 36º Distrito Policial, no Paraíso, afirmou que Francisco Carlos Ferreira, 56, pai do proprietário da pizzaria, será indiciado. “Foi ele quem direcionou a criança à rua e a impediu de voltar ao estabelecimento”, disse. Ferreira se defende alegando mal entendido. Segundo ele, a criança que não falava português teria sido confundida com morador de rua.

“Ele constrangeu o garoto e fez isso em decorrência de suas características – etíope, negro e que fala catalão”, disse o delegado. “Ele não teria agido dessa forma se a criança fosse branca, de olhos azuis, vinda da Suécia”, ressaltou. De acordo com Nilson, se condenado, Ferreira poderá ficar em reclusão por até 6 anos.

Nilson reforça que a conclusão do inquérito para indiciar Ferreira se deu com base nos artigos 8º e 20º da Lei 776/89, que trata dos crimes resultantes de discriminação contra raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Segundo o Artigo 8° aborda o fato de impedir o acesso ou recusar o atendimento em locais abertos ao público. Já o Artigo 20°, trata da prática, indução ou incitação a discriminação ou preconceito.

Entenda o caso – Adotado por espanhóis aos 4 anos de idade o garoto tinha 6 quando tudo aconteceu. Era a primeira vez que visitava o Brasil. Acompanhado por pessoas da família, saiu para jantar no restaurante e pizzaria localizado na Zona Sul da capital paulista. Quando todos foram buscar comida, a criança ficou esperando sentada à mesa, mas foi abordada por Ferreira que o conduziu à rua.

Em sua versão Francisco Ferreira nega que tenha havido racismo. “O menino estava em uma área de risco, perto do bufê, olhando as panelas e não na mesa, como divulgaram”, contou. “Disse a ele que ali não podia ficar. Ele foi espontaneamente para fora do restaurante”, afirma.

 

 

 

Fonte: Palmares

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