Jovens dançarinos vão levar o passinho para a Sapucaí

Enviado por / FontePor Fabíola Ortiz, do UOL

A Imperatriz Leopoldinense, a penúltima a desfilar na Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro na segunda-feira (16), pretende unir a dança do passinho que tem origem no funk ao samba. A ideia foi do coreógrafo Fabio Batista que garante que o passinho tem tudo a ver com as danças negras contemporâneas.

“O funk e os movimentos do passinho são muito tribais. A batida dos pés, a maneira como dançam e saltam, tem também elementos do frevo e da polca. É uma dança de estilo próprio, espontânea e de improviso”, observou Fabio.

Oito jovens, entre 14 e 22 anos, de um grupo de dança do Andaraí, na zona norte do Rio, irão fazer performances do passinho na primeira ala da escola, antes mesmo do carro abre-alas. Três meninas dançarinas e cinco rapazes irão compor a ala de 96 guerreiros zulus. “Haverá momentos na ala que os jovens se revelam e vão para a lateral dançar o passinho. Acho bacana o diálogo entre o passado tribal e a dança negra contemporânea”, disse ao UOL o coreógrafo.

Em homenagem ao negro, a Imperatriz Leopoldinense vai levar para a avenida o enredo “Axé, Nkenda! Um ritual de liberdade e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz”, sobre o preconceito racial, além de fazer um tributo a Nelson Mandela.

De início, Fabio admitiu que o carnavalesco Cahê Rodrigues teria ficado desconfiado, mas depois topou a ideia. “Todo ano falam do negro escravo (nos desfiles), a gente agora tem que apontar para as novas tendências. O enredo fala do negro na sua fase contemporânea e o passinho é uma nova tendência”, argumentou.

Ainda não é possível prever qual o impacto que o passinho vai causar na passarela do samba, mas Fabio se diz confiante ao arriscar. “Realmente será muito diferente em razão do impacto rítmico. O pessoal vai se surpreender. Já apresentamos para a própria comunidade da escola que aplaudiu muito”, contou.

O passinho tem feito sucesso nos ensaios da agremiação de Ramos. “Se soubesse que haveria tanta gente querendo dançar, eu já teria montado uma ala inteira de funk”, brincou.

Apesar de ritmicamente diferentes, na opinião de Fabio, o passinho e o samba guardam muitos elementos em comum. O samba já foi marginalizado assim como o passinho ainda é hoje ao enfrentar preconceito.

“Os dois têm muita similaridade. O samba começou como hoje é o funk, no gueto. E é dançando que o funk através do passinho será valorizado”, disse.

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