Luislinda Valois recebe Medalha do Mérito Judiciário

Não foram oito anos. Foram mais de cinco séculos de espera por este momento. Em sessão solene realizada no Tribunal de Justiça da Bahia, a desembargadora Luislinda Dias de Valois Santos recebeu, no fim da tarde desta sexta-feira (13), a Medalha do Mérito Judiciário e o diploma correspondente, em um auditório majoritariamente negro. A magistrada, promovida no dia 19 de dezembro de 2011, é a primeira desembargadora negra do Brasil.

A Medalha do Mérito Judiciário, instituída em 1983, homenageia personalidades nacionais e estrangeiras por seus méritos e relevantes serviços prestados ao Poder Judiciário.

Emocionada, Luislinda Valois recebeu a condecoração ao lado de seu filho, da sua irmã e do seu neto. “Temos que deixar o passado para trás e comemorar este novo momento. Fico muito feliz em servir como uma referência para o povo negro. Nós somos capazes e espero que a minha nomeação como desembargadora abra portas e estimule os afrodescendentes do nosso Estado”, afirma a nova desembargadora.

A necessidade de dar oportunidades para que os afrodescendentes apareçam e desenvolvam suas potencialidades foi destacada pelo promotor de Justiça de Sergipe, Luis Fausto Valois, filho da homenageada. “Não é um orgulho somente para a minha família. É um momento único. É um marco histórico que deve ser comemorado por todos os brasileiros, sobretudo, por nós afrodescendentes”, declarou.

Antes da entrega da medalha e do diploma, ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, parabenizou a homenageada e também destacou a importância do momento para a população negra da Bahia. “É um reconhecimento pela brilhante trajetória e serve de estimulo para mais jovens negros estudarem Direito”, concluiu.

Trajetória

LuisLinda Valois foi a primeira juíza negra a proferir uma sentença contra o racismo no Brasil. Ela trabalhou no interior baiano até ser promovida para Salvador, em 1993. A juíza foi a responsável por reativar dezenas de Juizados Especiais em municípios da Bahia e criou e instalou a Justiça Itinerante e o Juizado Itinerante Marítimo.

Quando escutou do professor da escola que deveria parar de estudar para cozinhar feijoada na “casa de branco”, a baiana Luislinda Valois Santos, hoje com 69 anos, tomou uma decisão que marcaria para sempre sua vida: “Não quero fazer feijoada para branco. Vou ser juíza”.

 

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Fotos: Roberto Viana

Fonte: Bocão News

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