A repercussão final da aliança entre o PT e o PP, dos ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Paulo Maluf (SP), respectivamente, ganhou um contorno final nesta sexta-feira, na análise do quadro petista José Dirceu, em seu blog na internet. Segundo o ex-ministro-chefe da Casa Civil, FHC foi claro ao avaliar os espectro do acordo que causou o rompimento da deputada socialista Luiza Erundina (SP) com a chapa do candidato Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.
Na opinião de Dirceu, FHC “não tergiversou e ao contrário de muitos de seus companheiros, não só não explorou politicamente o episódio como foi claro ao mostrar os riscos deles explorarem o assunto conra o PT e o ex-presidente Lula”.
– Vai depender de como a oposição usará esse fato na campanha. Mas não acredito que muitos possam fazer uso desse episódio, pois já se aliaram também ao Maluf e a outros partidos – disse o ex-presidente tucano ao comparecer a Rio+20 e responder sobre o efeito político eleitoral da foto.
E Dirceu continua: “Foi objetivo, também, ao responder se seu companheiro o candidato tucano a prefeito de São Paulo, poderá usar a foto Lula-Maluf-Haddad para atacar o PT. ‘No fundo, o efeito dessa aliança vai depender de como vocês, a mídia, usarrão o caso’, disse FHC”.
“Avançou, assim, também numa previsão que seus companheiros sabem, mas evitam reconhecer de público: o 1,5 minuto que o nosso candidato a prefeito, Fernando Haddad, acrescentou ao seu tempo de propaganda eleitoral com a aliança PT-PP pode até compensar no futuro os efeitos negativos produzidos pelo episódio no momento”, afirmou.
Dirceu comenta, ainda, que o ex-presidente Lula em sua análise sobre os desdobramentos políticos de sua foto (nos jardins da mansão de Maluf, com ele e Haddad), verbaliza “o que do lado de cá os nossos no fundo entenderam, mas por suas conveniências políticas evitam assumir”.
– Pior seria se não houvesse repercussão – disse Lula, “reconhecendo que Haddad ainda é pouco conhecido e com o episódio da foto apareceu extensivamente na mídia. Além disso o ex-presidente Lula lembrou: o PP de Maluf já integra a base de partidos aliados do governo federal há mais de meia década, igual tempo em que comanda o Ministério das Cidades”, comemora Dirceu.
No ninho tucano
Com o ingresso de Maluf nas hostes petistas, os tucanos trabalham com dois cenários para atrair o Partido Trabalhista Brasileiro, que integra, até agora, a base aliada do governo federal. Maluf diz que se sentiu humilhado por Geraldo Alckmin, razão pela qual não apoiou o candidato José Serra. Com a perda do PP, de Maluf, o tucanato espera compensar o prejuízo no horário eleitoral buscando uma coligação com o PTB, que tem a oferecer 49 segundos de propaganda na TV.
Sem o PP, a chapa tucana fica com um minuto a menos que a do pré-candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. O pré-candidato do PSDB em São Paulo, José Serra, e o senador Aloysio Nunes Ferreira conversaram com Campos Machado, presidente do PTB paulista, para tentar trazê-lo para a aliança. Serra se encontrou com Machado no sábado, no casamento do filho do secretário de Planejamento do Estado de São Paulo, Julio Semeghini. Na véspera, Aloysio também esteve com o líder do PTB, que voltou a conversar com Serra.
Os tucanos trabalham com dois cenários para atrair o novo aliado. O primeiro é dar a Secretaria de Justiça estadual para Luiz Flávio D’Urso, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo e pré-candidato do PTB a prefeito, em costura a ser feita pelo governador Geraldo Alckmin, do PSDB. O outro cenário, menos provável, mas não descartado, é ceder ao PTB a indicação do vice-prefeito. Machado nega interesse na coligação, mesmo com a indicação do vice. Segundo ele, “não há hipótese de voltar atrás” em relação à candidatura própria da legenda, com D’Urso na cabeça da chapa.
Fonte: Correio do Brasil