Lula: “os africanos sabem cuidar do seu nariz”

Em debate com o ex-presidente, a ativista liberiana Leymah Gbowee disse que se as habilidades locais não forem observadas, “qualquer ajuda será inútil”.

Por: Piero Locatelli

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira 11 que o Brasil precisa respeitar as decisões dos países africanos ao investir e ajudar o continente. Durante o evento Diálogos Capitais, organizado por CartaCapital, ele defendeu que o Brasil não deve se comportar como as potências europeias agiram durante o período colonial.

“As empresas brasileiras devem se comportar de maneira diferente. Por que eu valorizo essa questão de respeitar o local? É porque está intimamente ligado à democracia,” disse Lula. “No que o Brasil pode ajudar a África? Não é dizendo o que fazer. Temos que, primeiro, dizer o que foi feito aqui, para ver como serve para eles, e então eles possam fazer como desejarem.”

Lula disse que o cerrado brasileiro pode servir como exemplo de agricultura na savana africana, lembrando que a Embrapa já mantém centros de estudo de agricultura no continente. Ele disse que uma das formas do Brasil ajudar o continente é com o financiamento de máquinas agrícolas.

No debate com o ex-presidente, a ativista liberiana Leymah Gbowee, vencedora do prêmio Nobel da Paz em 2011, também defendeu que ONGs e Estados que desejam ajudar a África respeitem as suas particularidades. “Se não olharmos para as habilidades locais das pessoas, a ajuda é inútil. Eu faço muitas criticas para quem vem para a Africa, e quer só ajudar. Se traz só o traço estrangeiro, será totalmente inútil.”

A ativista chamou a atenção para o fato de que as mulheres são as mais afetadas pela fome no mundo, e por isso mesmo devem ser ouvidas. “É impossível acabar a fome nesse mundo sem a habilidade das mulheres. Se fizermos o combate à fome, não podermos fazer sem o povo que é mais afetado,” disse a ativista.

Fonte: Envolverde

+ sobre o tema

Disco e festas integram comemoração internacional dos 70 anos de Tim Maia

Coletânea com foco nos primeiros anos da obra do...

’12 Anos de Escravidão’ é o melhor e o mais necessário filme em muitos anos

RAUL JUSTE LORESDE WASHINGTON Só mesmo a bilheteria...

SEPPIR e embaixada dos EUA discutem reformulação do Japer

Plano deverá ser reformulado para incluir novas linhas de...

Violação à intimidade: o gênero epistolar em A cor púrpura, de Alice Walker por: Waltecy Alves dos Santos

RESUMO: Neste artigo propomo-nos refletir sobre a inserção do gênero...

para lembrar

Quantos escravos trabalham para você? Que tal fazer o cálculo?

No dia 13 de maio de 1888 era assinada...

Emicida: “A melhor música do mundo é o samba”

Discreto e em silêncio, aproximadamente às 19h de...

II Festival de Filmes Africanos leva produções de jovens cineastas à UFRN

O Núcleo de Antropologia Visual da UFRN promove, do...
spot_imgspot_img

Milton Nascimento recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp

O cantor Milton Nascimento recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A honraria foi concedida em novembro de 2024. A entrega aconteceu na casa do artista,...

Paraense Brisas Project acaba de lançar seu EP PERDOA

Está no mundo o primeiro EP de Brisas Project. PERDOA é uma obra em quatro faixas que explora uma sonoridade orientada ao Pop Rock, Lo-fi e...

Quem são os ex-escravizados que deixaram o Brasil em direção à África no século 19

Em seu mais recente livro, o pesquisador Carlos Fonseca conta a trajetória dos retornados, escravizados libertos e seus descendentes que deixaram o Brasil e retornaram...
-+=