Criança, que é albina, sofreu ofensa em conversa pela internet. Produtor cultural nega acusação e alega que foi vítima de um ‘fake’.
Uma artesã do Rio de Janeiro registrou uma acusação de injúria racial contra um produtor cultural que teria chamado sua filha de 6 anos, que é albina, de “chimpanzé branca”.
A ofensa teria acontecido em dezembro de 2015, depois que um perfil com o nome de Oscar Ribeiro, funcionário de uma agência que contrata crianças para desfiles, entrou em contato com a família para chamar a menina para um evento.
Liliane Salles, de 29 anos, mãe de Sophia, conta que a filha costuma participar de desfiles e propagandas desde que tinha 4 anos e, por isso, criou um perfil na rede social para ela.
O registro contra o produtor foi feito na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), no final de 2015, mas, segundo Liliane, até agora não houve retorno da polícia.
Além de chamar a menina de “chimpanzé branca” e de “chimpanzé albina”, o perfil no nome de Oscar Ribeiro teria feito outras ameaças.
“Ele entrou em contato [em dezembro] e convidou a minha filha para participar de um evento que aconteceu no último domingo (29). A gente demonstrou que não tinha interesse, recusou, e ele ofendeu a minha filha”, explicou Liliane.
Oscar teria chamado a menina de “chimpanzé albina” em conversas na internet no dia 22 de dezembro. O caso foi registrado na DRCI, no dia 28 de dezembro.
No momento, eu senti raiva e revolta. Agora, eu também tenho a sensação de impunidade”
A mãe da menina conta que as ofensas ainda são dolorosas.
“No momento, eu senti raiva e revolta. Agora, eu também tenho a sensação de impunidade, porque fomos na delegacia com as provas que tínhamos, e não tivemos nenhuma resposta”, ela afirmou sobre as investigações da delegacia especializada, sobre a qual afirma não ter obtido resposta.
O que diz o suspeito
Procurado pelo portal G1, o produtor Oscar Ribeiro afirma que quem conversou com Liliane foi um “fake”, ou seja, uma pessoa que se passava por ele, e nega ter proferido as ofensas contra a criança.
“Foi um fake, uma pessoa que fez isso para me difamar. Já sei quem é e denunciei à polícia”, explicou o produtor, que preferiu não dizer quem estaria tentando prejudicá-lo e nem onde a denúncia foi feita.
‘Medo’
A mãe da criança contou que o caso prejudicou a sua vida e a da menina, que se sentiu afetada pela ofensa.
“Eu trabalho por conta própria e fiquei dois meses quase sem conseguir trabalhar, por medo. Cheguei a procurar auxílio psicológico para a minha filha, que ficou com medo, raiva e mais retraída. Eu cheguei a ficar com medo de mandá-la e a minha outra filha para a escola no começo do ano, com medo de uma represália”, contou Liliane.
Ela não acredita na versão do produtor e diz que essa pode ser uma estratégia para se livrar da responsabilidade do caso.
“Isso não faz sentido, porque ele não teria um fake que o prejudica, mas trabalha e posta trabalhos dele”, afirmou a mãe da criança.
Investigações
O inquérito sobre o caso foi encaminhado para o Ministério Público no dia 7 de janeiro, pedindo a quebra do sigilo dos dados do Facebook do suposto autor da injúria. A quebra do sigilo foi autorizada e, com estas informações, os documentos voltaram para a DRCI no fim de março.
O delegado despachou o documento e descobriu que existia outro procedimento contra o mesmo autor na 10ª DP, em Botafogo. Assim, o suspeito deve ser intimado nesta semana para prestar depoimento.