Uma mãe de 43 anos de idade registrou um boletim de ocorrência no último dia 11 de março para denunciar ataques racistas feitos contra sua filha em uma escola municipal na cidade de Novo Horizonte, no interior de São Paulo.
A criança foi humilhada pelos outros estudantes da instituição, que a sujaram de fezes, terra e a pisotearam enquanto proferiam insultos racistas como “macaca”, “cabelo de bombril” e outras ofensas.
A menina, que é negra, foi alvo de duros xingamentos e ficou psicologicamente afetada pela situação humilhante. “Ela chorava muito. Não quero que nunca mais que alguma criança sinta o que a minha sentiu. Para que nunca mais uma mãe chore que nem eu chorei de dor ao ver minha filha na situação que eu vi. Quero justiça”, lamentou a mãe em entrevista ao site G1.
Ela relatou que essa foi a terceira vez em que foi alvo de xingamentos racistas. “Eu me sinto triste. Minha cor e meu cabelo. Isso dói muito. Eles me xingaram, me humilharam, me chamaram de ‘macaca'”, contou ao mesmo veículo.
Medidas judiciais de proteção
A mãe exigiu uma medida protetiva para defender sua filha, pedido acatado pela Justiça paulista, que também ordenou corpo de delito. A advogada da família afirma que os estudantes responsáveis pela agressão devem ficar a 100 metros de distância da menina, que seguirá frequentando a escola.
Naturalmente, pelas condições da instituição escolar, esse afastamento não será possível. Contudo, a advogada exige que a escola mantenha um regime de proteção em favor da menina, e, em caso de novas agressões, ela defende o envio dos agressos para a Fundação Casa.
Caso similar no mesmo dia
Também em 11 de março, mas em outra cidade, um caso de racismo dentro de uma escola em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, também ocorreu.
Um pai de uma criança invadiu a Escola Municipal Professora Iracema de Souza Mendonça e agrediu uma colega de seu filho, uma garotinha negra de 4 anos.
O caso foi parar Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) e toda a agressão foi registrada pelo circuito interno de segurança da unidade de ensino. Segundo testemunhas, o homem ficou extremamente irritado ao deixar seu filho de 4 anos na escola e ver, em seguida, ele sendo abraçado pela colega.
A advogada da família da criança agredida, Lione Balta Cardozo, não descarta a possibilidade de que a agressão tenha sido motivada por racismo.
“É uma criança de 20 quilos, que acabou de entrar na escola. Nem que ela e o menino estivessem brigando, um pai teria o direito de reagir assim. A menina é doce, carinhosa, educada. Não há justificativa para tamanha violência. Essa menina vai ficar marcada para sempre”, disse a defensora ao site Campo Grande News.