Máscara Geledé é um dos destaques da exposição virtual “Tesouros dos Nossos Ancestrais”

Peça faz parte do acervo exclusivo de Sua Majestade Imperial Ooni de Ifé, da Nigéria e será exibida juntamente com outras 26 obras exclusivas a partir desta sexta-feira, 09 de julho.

Diversos são os tesouros deixados pelos nossos ancestrais. Materiais e imateriais, conhecimento, arte e filosofia mantêm uma relação intrínseca dentro da cultura iorubá. Abordando esta temática,  a inédita exposição virtual ‘Tesouros dos Nossos Ancestrais’ apresenta ao público, uma pequena porção da extensa coleção de arte iorubá de Sua Majestade Imperial Ooni de Ifé (Nigéria), que será exibida a partir das 20h desta sexta-feira, 09 de julho, no website da Casa Herança Oduduwa.

Entre as 27 obras expostas virtualmente, a máscara Geledé, uma das mais conhecidas do mundo quando se aborda o tema iorubá, é destaque na mostra virtual. Usada em festivais de honra aos poderes espirituais das anciãs conhecidas como awon iya wa, o artefato, segundo a tradição oral,  criado em Ketu, Benin, no século XVIII, é símbolo do poder dessas mulheres e pode ser usado em benefício ou destruição da sociedade, o que torna necessária a realização de cerimônias para aplacar a sua fúria e o seu poder destrutivo e manter o equilíbrio da comunidade. Homens e mulheres mais velhos desempenham importantes papéis na preparação das performances dos mascarados, sempre do sexo masculino.

Toda essa representatividade e simbologia permeia a exposição dividida em  Ori e Ase. Inicialmente pensada para o formato presencial, a coleção imperial de arte iorubá composta por obras milenares e contemporâneas que chegaram a ser extraviadas do continente africano durante o processo de colonização dos séculos XIX e XX, conta a história de Oduduwa e seus descendentes através de esculturas produzidas na terra iorubá por artistas de povos como Egba, Oyo, Ifé, Ijexa entre outros. Agora recuperado, este verdadeiro tesouro histórico, religioso e cultural, será exibido virtualmente pela primeira vez ao público, como forma de aproximar as culturas, auxiliando o povo brasileiro a conhecer melhor suas origens, heranças, histórias e até feições, possibilitando este intercâmbio cultural entre povos irmãos, trabalho que vem sendo feito de forma intensa pela Casa Herança de Ododuwa (www.herancadeoduduwa.com.br).

“Não existe caminho possível para o futuro da humanidade sem olhar para o continente africano e compreender o legado que nossos ancestrais nos deixaram. Sem dúvida, é essa herança que irá auxiliar a construirmos juntos um mundo melhor para todos. Nossos ancestrais deixaram conhecimentos vitais para os problemas da humanidade e tenho certeza de que o futuro é ancestral”, conta Ooni de Ifé – rei de Ilê Ifé/Nigéria.

Sobre a peça Geledé

A máscara Geledé apresenta duas partes: uma formada pela cabeça e um topo. Na cabeça,  o rosto é menos abstrato do que a da máscara Epa, que também está na exposição virtual.  Em seu topo, evoca aspectos da sociedade iorubá em forma de provérbios, metáforas, humor, crítica social, entre outros. A máscara exposta no ‘Tesouso dos Nossos Ancestrais’, traz em seu topo um instrumentista tocando seu Gangan, o tambor falante, como é conhecido, ressaltando a importância destes sujeitos responsáveis por perpetuar memórias coletivas através de suas músicas.

 Apesar da variação estilística, a maioria das Gueledés apresenta os olhos com as pupilas perfuradas ou bem demarcadas e escarificações na região da bochecha e na testa. Atualmente, muitas máscaras Gueledés são pintadas com tintas industrializadas de cores vibrantes. Da parte da cabeça pende uma vestimenta geralmente colorida, que cobre o todo o corpo do dançarino e pode apresentar seios de madeira atados a ela, simbolizando o poder feminino.

Serviço: Exposição virtual Tesouros dos Nossos Ancestrais

Data: a partir de 09 de julho

Local: www.herancadeoduduwa.com.br

+ sobre o tema

Museu Afro Brasil celebra centenário de Carybé

  Para homenagear o centenário de nascimento do mais baiano...

Comercial de Banda Larga de Mozambique

Divertidíssimo comercial de banda larga de Mozambique ...

Hamilton vence na Alemanha com direção arrojada na McLaren

O piloto inglês Lewis Hamilton da McLaren guiou de...

Grandes escolas retomam a africanidade

  Meu Deus, dessa vez, o tema da...

para lembrar

Itaú Cultural estreia espetáculo circense com referências africanas; saiba como assistir

Da música ao teatro, a produção artística afro-brasileira está...

O futuro se avizinha: a memória ancestral do povo brasileiro

Estamos imersos num caos social, econômico, ambiental, sanitário, político......
spot_imgspot_img

Primeira mostra individual de Rafael Pereira na Galeria Estação, Lapidar Imagens celebra a altivez da negritude e dialoga com a estética provocativa do retrato modernista

Talento emergente, com uma produção de retratos personalíssimos que remetem ao figurativismo de caráter social da pintura modernista, Rafael Pereira é apresentado ao público...

“Eu sou o sonho das minhas ancestrais”: Quilombo (la) em Harvard

Sou Ana Paula, mulher negra, quilombola, Doutora em História e admitida para uma bolsa pós-doutorado no W.E.B Du Bois Research Institute em Harvard University....

Ser negro-índio: a força das ancestralidades no Quilombo Itamoari (PA)

No final de julho deste ano, dados inéditos sobre a população quilombola divulgados pelo IBGE mostraram que no Brasil mais de 1.3 milhões de...
-+=