Os tabloides e o setor reacionário concentram as críticas em culpar Meghan Markle pela decisão dos duques de Sussex de se tornar ‘independentes’ da Coroa.
Por Noelia Ramirez, do El País

“A imprensa britânica teve sucesso em seu aparente projeto de assediar Meghan Markle, duquesa de Sussex, para que vá embora da Grã-Bretanha.” A professora de jornalismo Afua Hirsch, autora de Brit(ish): On Race, Identity and Belonging, publicou quinta-feira o artigo Black Britons Know Why Meghan Markle Wants Out (“negros britânicos sabem por que Meghan Markle quer ir embora”) no The New York Times. Sua coluna criticou a monarquia como “centro simbólico do establishment” responsável pela noção de um Império Britânico “construído com base em uma doutrina de supremacia branca”. Também descreveu o “tratamento racista” que a canadense sofre na mídia britânica desde o anúncio de seu noivado com o príncipe Harry da Inglaterra e as iradas reações diante da vontade dos duques de Sussex de se tornar “independentes” da família real britânica e viver na América do Norte.
Entre outros episódios, a autora lembra que a imprensa se referiu ao DNA de Markle como “exótico” (ela é mestiça), que o primeiro filho do casal, Archie, foi comparado com um chimpanzé na BBC, e que se insinuou que o fato de ela gostar de abacate é “responsável por assassinatos em massa”. E expõe a hipocrisia de que Markle tenha sido “condenada” de forma quase unânime na mídia por ter trabalhado como editora convidada na revista Vogue, enquanto se aplaudia e elogiava que Kate Middleton tenha feito a mesma coisa no The Huffington Post e que o príncipe Charles fizesse isso em duas ocasiões na revista Country Life.
“Esse tratamento comprova o que muitos de nós já sabemos: não importa o quanto você seja bonita, com quem se case, que palácios ocupe, que causas apoie, o quanto seja fiel ou quanto dinheiro acumule: nesta sociedade, o racismo sempre a perseguirá”, assina Hirsch.