por : Kiko Nogueira
Michael Jackson não terá descanso jamais, no que depender de seus herdeiros e de quem mais lucrar com sua obra e sua imagem.
De acordo com a revista Forbes em sua lista anual de celebridades mortas mais ricas do mundo, Michael superou a velha amiga Madonna em 2013 — US$ 160 milhões contra US$ 125 milhões. É a terceira vez nos últimos cinco anos em que um artista no cemitério fatura mais do que um vivo.
Parte da grana vem de dois shows do Cirque du Soleil. “Immortal” faturou US$ 300 milhões e “One” é um sucesso. Além das acrobacias muito loucas da trupe do circo, o espetáculo tem aquela necrofilia básica na moda: um holograma de MJ em que ele aparece cantando “Man In The Mirror”.
O grosso do bolo, porém, está na propaganda. O marketing de mortos célebres movimenta em torno de US$ 2 bilhões nos EUA. É um negócio gigantesco, em que existe mesmo um índice econômico para medir o retorno de cada nome. Para os anunciantes, há vantagens práticas. Famosos na ativa podem ser difíceis, fazer exigências absurdas etc. Podem também estar no centro de um escândalo e sua popularidade ir para o ralo, junto com seja lá o que estão vendendo. Com os defuntos não existe esse risco.
Numa festa em Hollywood em 1977, quando os convidados ficaram sabendo que Elvis Presley (segundo na lista da Forbes) havia partido desta para melhor, um agenciador de talentos disse, depois do choque generalizado: “Bela jogada na carreira”.
Ele estava sendo profético. Não são poucas as almas que valem no além túmulo o triplo do que valiam quando passeavam na Terra. Bob Marley ganhou US$ 18 milhões no ano passado. Seu nome hoje é licenciado para vender artigos como tênis, bolsas e bebidas. O autor de “Redemption Song” estaria de acordo?
Eis a questão: eles fariam o que estão fazendo com eles? Eles dariam sua aprovação?
Michael Jackson morreu em 2009, depois de uma overdose de um remédios para a dor. Ele estava viciado. Muita gente acredita que ele começou a tomar drogas desse tipo depois de seu cabelo ser incendiado naquele famoso comercial da Pepsi que destruiu seu couro cabeludo.
A Pepsi quis comemorar os 25 anos do anúncio e fez um acordo com os herdeiros. Colocou-o dançando “Bad”, numa boa. Desta vez, ao menos não pegou fogo em nada.
Quando Michael Jackson morreu, sua dívida era de US$ 500 milhões. “Bela jogada na carreira, Michael”, diria aquele agente. RIP.
Fonte: DCM