Por Fernanda Pompeu
Se os cariocas têm as praias para botarem o conversê em dia, os paulistanos têm as padocas para praticam o filosofê. Até presidiários aproveitam o banho de sol para atualizarem sentidos de mundo, ou a falta deles.
Também cearenses, gaúchos, mineiros, búlgaros, canadenses, colombianos, moçambicanos, angolanos, portugueses, franceses, espanhóis, palestinos, israelenses, doutores, analfabetos, concentrados, distraídos adoram filosofar.
Mesmo quando dão outros nomes e sobrenomes para o ato de pensar além do fato. Filosofar faz parte do nosso DNA. Palavra grega, sendo que filo é igual a amigo. Sofia igual a conhecimento. Junte-as e teremos “amigo ou amiga do conhecimento”.
E quem não deseja agregar, produzir, alargar o pensamento? Pois todos refletem sobre si mesmos e sobre os outros. Esticam a percepção para a roda da vida. É claro, alguns o fazem com mais desenvoltura, outros são meio tatibitatis. Mas pouco importa.
O que interessa é cultivar a capacidade de interpretar os fatos. Ir além da primeira impressão e evitar ser papagaio, isto é, mero repetidor da opinião dominante. Pensar com a própria cabeça é o princípio da filosofia.
Argumentar é algo que se aprende. À medida que compreendemos como olhar uma questão sob ângulos diversos, nos tornamos poderosos. Filosofar alarga o horizonte do que já sabemos e escala a enorme montanha do que ainda ignoramos.
Quanto menos eu sei, mais quero saber. Pensar é ação infinita e dinâmica. Nossa mente tem muita água, e esta adora preencher espaços, se esparramar sem respeitar formas e limites.
Por conta disso a gente muda de ideia. Pensa diferente hoje o que pensou com tamanha certeza ontem. Ou pensa amanhã exatamente como pensou ontem. Tanto faz. O essencial é o movimento.
Em suma, é um tremendo prazer refletir sobre os acontecimentos e os não acontecimentos. Encontrar as ligas, os nexos, os pontos de contatos que unem pensamentos aparentemente irreconciliáveis.Existo, logo penso!
Imagem: Régine Ferrandis.