Presa em flagrante após xingar a agente de viagens Sulamita Mermier, de 31 anos e ser filmada dizendo palavras preconceituosos contra a vítima, a pedagoga Sonia Valeria Rebello Fernandes, de 54 anos, foi denunciada pelo Ministério Público Estadual à 39ª Vara Criminal pelos crimes de racismo, injúria racial e ameaça. O fato aconteceu no dia 28 de agosto, na Praia da Reserva, no Recreio.
Neste dia, um domingo ensolarado, a agente de viagens conta que chegou à praia com a irmã e uma amiga e, logo após esticar sua canga na areia, começou a ouvir uma mulher sentada a poucos centímetros de sua barraca dizer que “negro era uma sub-raça” e “negro não deveria esta na praia”. No começo, Sulamita ficou na dúvida, não sabia se era o alvo dos xingamentos. Mas, quando a senhora de meia idade, loura, insistiu em dizer que “não entendia porque mulata pegava sol”, teve certeza de que estava sendo vítima de racismo. Filmado e compartilhado nas redes sociais, o episódio revoltou internautas e entidades que lutam contra a discriminação.
A pena da acusada pode ultrapassar cinco anos e, com isso, ela corre risco de ser presa, sem possibilidade de ver a pena de privação de liberdade substituída — explica o adavogado de Sulamita, Igor Morgado dos Reis. Para ele, o fato de a acusada ter feito declarações genéricas contra a raça negra levou o MP a entender que houve também crime de racismo. Na denúncia, o MP destaca que Sonia teria dito “em alto e bom som” ser “preconceituosa, racista e descendente de alemãs”, bem como teria dito que “negro era uma sub-raça”.
GLOBO não conseguiu encontrar Sonia Rebello para comentar o caso. — O racismo acontece quando a pessoa faz declarações ofensivas que agridem uma raça, coletivamente, de forma genérica, sem se dirigir a uma pessoa específica. Mas quando ela xinga alguém de negra, como foi o caso da Sulamita, ela comete injúria — explica o advogado. O vídeo foi compartilhado nas redes sociais por um amigo da vítima. Num dos trechos, Sonia diz: “Sorry,você é mulata.
Você é uma complexada, por ter cabelo duro”. Ela também desafia a vítima: “Grava essa m. A gente vai para a delegacia e tu vai pagar mico. Porque eu não sei quem você é, eu sei quem eu sou. Você eu nunca vi”. Sonia Rebello Fernandez, uma pedagoga de 54 anos, foi presa em flagrante e indiciada por injúria racial, com pena prevista de reclusão de um a três anos e multa. Após pagar fiança de R$ 500, a acusada foi solta e responderá em liberdade. No documento, o MP destaca que, ao perceber a gravação, a acusada continuou as agressões, chamando Sulamita e a irmã de “macacas”, dizendo que elas tinham inveja por ela ter cabelo branco e as duas terem “cabelo duro”.