Ainda não é a CIA, mas minha quase xará Letitia “Tish” Long assume nesta segunda (9) a direção da agência americana de Inteligência Geoespacial (NGA, na sigla em inglês), responsável por coletar e analisar dados de territórios para embasar, entre outras, ações de segurança dos Estados Unidos. Será a primeira vez que uma mulher dirigirá uma agência espiã com milhares de funcionários e um orçamento de vários bilhões de dólares.
Letitia conseguiu o posto depois de trabalhar 32 anos no governo, mais de 20 em serviços de inteligência. Nos últimos quatro anos, ela era a número dois da Agência de Inteligência de Defesa. Duas mulheres ocupam hoje o segundo grau mais alto na Agência Nacional de Segurança e no Escritório Nacional de Reconhecimento; na CIA, uma mulher ocupa a terceira posição mais importante de comando. Mas assumir a direção ainda era algo inédito.
Hoje, 39% dos funcionários das seis maiores agências da inteligência americana são mulheres. Elas ocupam 27% das posições de comando até agora, mas, nos últimos anos, conseguiram ganhar 46% das promoções.
De acordo com a reportagem da rede de TV CNN sobre o assunto, a senadora Dianne Feinstein, diretora do Comitê de Inteligência, disse que a nomeação de Letitia é histórica. “É uma nomeação importante, e esperamos que ela traga uma nova habilidade de gerenciamento para essa agência”, disse a senadora Feinstein.
Mas será que uma mulher – por ser mulher – traz uma nova habilidade de gerenciamento? Letitia minimiza a influência do sexo na carreira:
“Não há problema tão pequeno ou tão grande que não possa ser resolvido. Nós temos que chegar a ele a partir de vários caminhos, e visitá-lo várias vezes, mas precisamos resolvê-los e trazer oportunidades para a mesa”, afirmou Letitia Long em uma entrevista ao canal do Pentágono. “Quanto mais diversificada for a população trabalhando em qualquer tipo de problema de inteligência, maiores vão ser as possibilidades de solução. Não é apenas a diversidade cultural ou étnica que produz o sucesso, mas também a diversidade cognitiva.”
“A habilidade de contribuir para a segurança da nação é uma vocação. É, acima de tudo, entender a seriedade da natureza de nossa missão e se manter focado em fazer o melhor. Aprendi que, quando se faz isso, sendo homem ou mulher, você tem uma carreira recompensadora de realizações e serviços à nação.”
É só substituir “a nação” por qualquer outra coisa – afinal, nós não estamos nos Estados Unidos nem trabalhamos no serviço de inteligência – para aplicar o pensamento de Letitia Long à nossa realidade. Você concorda que a realização da carreira não depende do sexo, só da seriedade e do foco?
Fonte: Época