Uma data para resistir e lutar. Esse é o marco do Dia Internacional da Mulher Afro Latina-Americana e Caribenha e do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negracelebrados nesta quarta-feira (25), mas que conta com uma programação até o fim deste mês.
“Essa é uma data de denúncia. A mulher negra tem demandas e aspirações específicas. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que, dos 25 países com maior índice de violência contra a mulher negra, 15 estão localizados na América Latina e no Caribe”, afirmou a coordenadora do GT Racismo do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a procuradora de Justiça Maria Bernadete Azevedo.
As integrantes do Comitê de Mulheres Negras Metropolitanas (CMNMPE) da Secretaria Estadual da Mulher participam nesta terça-feira, das 8h30 às 18h, no pátio de São Pedro, no Bairro de São José, da I Feira da Ancestralidade Negra promovida pela Prefeitura do Recife.
Na ocasião estarão representantes de organizações da sociedade civil do Comitê que trabalham com artesanato afro, de material reciclável e outros, além de divulgação de material informativo e das ações do Comitê para o mês de julho.
“Essa é uma data estratégica que vem para reforçar a luta contra o racismo e o sexismo, dando visibilidade a essa parcela da população feminina, às suas conquistas, assim como os desafios que ainda precisam enfrentar decorrentes da discriminação de raça e gênero”, pontuou a subcoordenadora Regional da RMR da Secretaria da Mulher, Fabiana Jansen.
No local, também haverá uma roda de diálogo sobre os impactos do racismo na saúde da mulher negra e oferta de alguns serviços, como teste de glicemia, aferição de pressão arterial, vacinação, distribuição de preservativos masculino e feminino e testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C. O mamógrafo móvel ficará estacionado no Pátio, com a oferta de 80 fichas (40 cada turno) para a mamografia. Podem fazer o exame mulheres com idade entre 50 e 69 anos, mas é preciso levar documento de identificação, cartão do SUS e comprovante de residência.
Números
E por que levantar esse debate? De acordo com o Mapa da Violência 2016, o feminicídio de mulheres negras aumentou 54% em dez anos no Brasil. Quando se trata de violência doméstica, o número de mulheres negras corresponde a 58,68%. “Quando trazemos a mulher negra para o recorte territorial do Nordeste, podemos ver que ainda existe muita desigualdade, e o dia 25 serve para colocar essas pautas visíveis, para que as políticas públicas de saúde, educação e empregabilidade sejam vistas com mais atenção”, alerta Taisa Silveira, da Rede de Mulheres de Pernambuco.
A instituição, inclusive, promoverá, nesta quarta-feira (25), o debate público “Mulheres Negras nas Eleições 2018: Movendo Pernambuco e o Brasil”, às 18h, no Sindsep, localizado na Rua João Fernandes Vieira, nº 67, no bairro da Boa Vista.
Também nesta quarta-feira, o Comitê de Mulheres Negras aportará no Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), na programação da Praça da Palavra, que contará com a presença de Maria de Fátima Barros, liderança do Quilombo 11 Negras, e Odailta Alves, poetisa, escritora e gestora pública.