Autoras dos ensaios e redações que compõem a publicação prestigiaram evento realizado pela SPM e Seppir.
Narrativas de luta por direitos e histórias de vida permeiam as redações e ensaios que fazem parte do livro ‘Mulheres negras contam sua história’. A publicação foi lançada 3ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, nesta quarta-feira (06). O evento de lançamento reuniu autoras dos textos publicados, representantes da Secretarias de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
O livro traz os dez textos premiados e mais quatro que receberam menções honrosas no concurso de mesmo nome. A secretária de Articulação Institucional e Ações Temáticas da SPM, Vera Soares, destacou o processo de construção do prêmio, realizado em parceria com a Seppir. “O lançamento encerra um pequeno ciclo, iniciado com a proposta do prêmio e construído em conjunto pelas duas secretarias. Para a SPM, foi uma atividade importante, que realizamos com muita alegria”, disse.
Vera contou que a ideia do concurso veio, principalmente, da necessidade de se ter mais subsídios sobre as desigualdades que afetam mulheres negras em seu cotidiano. “Buscamos apreender esses mecanismos, tão perversos, do racismo em nosso País, a fim de reconhecer as práticas de superação e resistência das mulheres”, completou.
A secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Seppir, Ângela Nascimento, disse que a publicação é símbolo do que tem sido construído, a partir do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), para as mulheres negras.
Além disso, Ângela reiterou o protagonismo destas mulheres na formulação de políticas. “Para nós, tem sido muito importante ler e ouvir os relatos que elas têm trazido. São mulheres que trazem, da sua trajetória de vida, grãos e sementes, e até fundamentos, de uma nova forma de atuar dentro das políticas públicas”, concluiu.
Mulheres negras
Glória Maria Gomes, uma das autoras presentes no lançamento, comentou aspectos do seu trabalho. Autora da redação “O bullying e a criança negra na escola pública, até quando?”, Glória narrou fatos de sua infância, no Rio Grande do Sul, para abordar as marcas e consequências emocionais do racismo. Ela frisa que as mesmas posturas das quais foi vítima na infância permanecem ainda hoje nas escolas públicas. “Minha redação fala sobre minha infância, na escola, e sobre as discriminações pelas quais passei, mas que hoje a gente ainda vê na escola pública”.
A psicóloga Eliana Aparecida, que escreveu a redação “O direito ao narcisismo”, chamou a atenção para o estereótipo da mulher negra da mídia e para os padrões de beleza que a excluem. “Eu passei por coisas em minha vida que faziam com que eu nunca me enxergasse. Isso faz falta na constituição de nossa personalidade, do nosso amor próprio, da nossa dignidade como pessoa”, revelou.
Inclusão
O Prêmio Mulheres Negras Contam sua História teve como objetivo estimular a inclusão social das mulheres negras, por meio do fortalecimento da reflexão acerca das desigualdades vividas por elas no seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas relações familiares e de violência e na superação do racismo.
A primeira edição do prêmio recebeu 521 inscrições, sendo 421 redações e 100 ensaios. Os textos foram enviados por mulheres autodeclaradas negras, que narraram suas experiências e trajetórias de vida, as quais se inserem na história e cultura afrodescendente, parte essencial da construção do Brasil.