A música e a literatura se entrecruzam no AuTORES EM CENA com Chico Cesar e Vitor Ramil

Sempre com curadoria do escritor Marcelino Freire, passaram 10 anos desde a primeira edição do projeto pensado para que autores encenem suas próprias criações, dirigidos por profissionais do teatro. Nesta edição, apresenta novo formato: autores que são cantores e compositores, além de amigos que amam a literatura e a música sobem sozinhos ao palco, um para entrevistar o outro

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Duas noites literomusicais, uma diferente da outra, embora com os mesmos personagens, compõem a 10ª edição de AuTORES EM CENA, em 26 (sábado, às 20h) e 27 (domingo, às 19h), no Itaú Cultural. O programa que contou com escritore/as e diretore/as de teatro de vários estados, volta a inovar. Desta vez, apresenta dois criadores de música e literatura, mas com referências culturais distintas: os cantores e compositores Chico Cesar, paraibano, e Vitor Ramil, gaúcho. A curadoria, como nas outras edições, é de Marcelino Freire. Neste ano, a atriz e performer Bárbara Santos assina a assistência artística do evento.

 

Na apresentação do primeiro dia, 26, Chico recebe Vitor no palco da Sala Itaú Cultural. Entre músicas e textos, durante 70 minutos o paraibano puxa a conversa e estimula o gaúcho a contar histórias em torno de sua produção artísticas. Ramil é autor, entre outros, do romance Satolep – Pelotas ao contrário, sua cidade natal. Trata-se de um local que o músico, compositor e escritor costuma citar em sua obra musical e literária. Ao mesmo tempo real e imaginária, a cidade criada a partir da memória e da imaginação de seu autor multiplica-se em suas ficções, poesias e músicas.

 

A performance se inverte no dia seguinte, 27, quando Vitor Ramil passa a ser o anfitrião e recebe Chico Cesar no palco. Aqui, novamente entre conversas, leituras e músicas, é ele quem vai buscar as histórias que seu convidado tem para contar. O paraibano é autor, entre outros, do livro de poesias Cantáteis (1995, editora Garamond) e da música que o tornou reconhecido nacional e internacionalmente Mama África, além de ter participado do filme Paraíba, meu amor, do diretor suíço Jean Robert Charrue, para o qual compôs a música tema, e de ter atuado, também, como secretário da Cultura do Estado da Paraíba.

 

Perfis
Vitor Ramil é compositor, intérprete e escritor. Autor de 11 discos, dois songbooks, três romances e um ensaio, A estética do frio, em que afirma que o Rio Grande do Sul não está à margem de um centro – como costumam ser referidas as regiões brasileiras distantes do eixo Rio-São Paulo –, mas, sim, como ponto de intersecção entre o Uruguai, a Argentina e o Brasil. A partir desse olhar, ele tem promovido com seu trabalho uma reação aos estereótipos, tanto do gauchismo como da brasilidade, e uma significativa aproximação entre as culturas dos três países mencionados.

 

Vencedor de dois troféus de melhor cantor do Prêmio da Música Brasileira e é o artista mais premiado da história do Troféu Açorianos, RS, 18 premiações no Troféu Açorianos (RS) é o artista mais premiado da história do Troféu Açorianos, RS, com 18 troféus.

 

Tem músicas gravadas por Mercedes Sosa, Milton Nascimento, Jorge Drexler, Ney Matogrosso e com Caetano Veloso e Fito Paez, entre outros. Em seu disco délibab (2010) reuniu milongas que compôs para poemas do argentino Jorge Luis Borges e do brasileiro João da Cunha Vargas. Seu trabalho mais recente, Campos Neutrais (2017), traz 15 canções inéditas, as participações do percussionista argentino Santiago Vazquez e do Quinteto Porto Alegre (tuba, trombone, trompa e dois trompetes), com arranjos de metais de Vagner Cunha, mais as presenças de Carlos Moscardini, Felipe Zancanaro, Gutcha, Chico César e Zeca Baleiro.

 

Chico César

Foto: Luiz Garrido

Nasceu em 1964 em Catolé do Rocha, na Paraíba. Começou a trabalhar em uma loja de discos quando tinha 8 anos, o que contribuiu para sua iniciação musical. Aos 16 foi para João Pessoa, onde se formou em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba enquanto participava do grupo Jaguaribe Carne que fazia poesia de vanguarda.

 

Aos 21 mudou-se para São Paulo. Trabalhando como jornalista, estudou violão, multiplicou suas composições e formou público. Em 1991 foi para a Europa, onde fez diversos shows, optando, ao voltar para seguir na carreira musical. Em 1995 lançou seu primeiro disco, Aos Vivos, e seu primeiro livro Cantáteis (Garamond), um imenso poema sobre a amizade e o amor.

 

Tornou-se nacional e internacionalmente conhecido em 1996 com a canção Mama África, com o qual ganhou, em 1997, o prêmio Melhor videoclipe de MPB, no MTV (VMB). Com uma carreira repleta de canções e referências, desde 1996, Chico tem viajado com sua banda pelo Brasil e pelo exterior. Se apresentou em festivais da Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão, América Latina e África. Em 2001, o cantor criou oficialmente o instituto Cultural Casa do Beradêro, uma instituição sem fins lucrativos, localizada em Catolé do Rocha.

 

Em 2007, participou do filme Paraíba, meu amor, do diretor suíço Jean Robert Charrue, cuja música tema é de sua autoria. Em 2009 tomou posse na presidência da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) e, entre 2011 e 2014, foi secretário da Cultura do estado da Paraíba.

 

Elba Ramalho, Daniela Mercury, Zizi Possi, Rita Ribeiro, Emílio Santiago, Ivan Lins, Sting, Maria Bethânia, Gal Costa, entre outros, já gravaram composições suas. Em 2017 lançou o nono CD e terceiro DVD Estado de Poesia ao Vivo. Mesclando a riqueza dos ritmos nordestinos a sonoridades universais, Chico César é considerado um dos mais importantes poetas, compositores e músicos da cultura brasileira.

 

Bárbara Santos

Foto: Felipe Felizardo

Atriz, é performer e realizadora em Teatro e Cinema e Cientista das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Integra o Coletivo Estopô Balaio e divide com Chico César o espetáculo lírico-musical Camaradas – Fantasia para Dueto, Camerata, Camarim, Atentado e Passeata. Idealizadora da Arenga Filmes, com Ana Carolina Marinho e Anna Zêpa, o seu primeiro roteiro para cinema conquistou o prêmio Estímulo Curta-metragem de São Paulo 2017. Participou de espetáculos com o Teatro Oficina e o Núcleo TUSP de Teatro, e de estudos com a Cia. do Latão.

 

Marcelino Freire

Foto: André Seiti

É escritor. Publicou, entre outros livros, o romance Nossos Ossos (2013), vencedor do Prêmio Machado de Assis e lançado também na Argentina, na França e em Portugal. Promove desde 2006 a Balada Literária, evento anual que leva uma série de atividades artísticas a diferentes pontos da capital paulista.

 

SERVIÇO

AuTORES EM CENA

Dias 26 (sábado, às 20h) e 27 de maio (domingo, às 19h)

Duração: 70 min

Sala Itaú Cultural (224 lugares)

Classificação indicativa: 14 anos

Entrada gratuita

Distribuição de ingressos:

Público preferencial: duas horas antes do espetáculo, com direito a um acompanhante – ingressos liberados apenas na presença do preferencial e do acompanhante
Público não preferencial: uma hora antes do espetáculo, um ingresso por pessoa
Acessível em Libras

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