Namore-se: Esmeralda Ortiz em ensaio sensual

As fotos sensuais de Esmeralda Ortiz não mostram marcas. Mas elas existem – e são muitas.

Do As Coisas mais Criativas do Mundo

Aos 37 anos, a ex-moradora de rua e ex-dependente química e hoje jornalista, escritora, cantora e compositora trouxe à tona suas cicatrizes invisíveis – as boas e as ruins.

Elas foram retratadas nos cliques da fotógrafa Michelle Moll e da produtora Mariana Moll, da Naked Fotografia, que valorizam a sensualidade para fortalecer a autoestima de mulheres.

Esmeralda foi convidada a fazer um ensaio sensual e deixar aflorar todo tipo de beleza que há nela. Foi espontânea e direta, como ela própria costuma ser.

“Vamos lá. Não me importo de mostrar minhas marcas. As marcas do nosso corpo são sinal de que a gente viveu”, diz ela.

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Aos cinco anos, cansada da violência da mãe e de ser obrigada a pedir esmolas na região central de São Paulo, foi parar nas ruas. Foram sua morada por quase 20 anos, exceto pelos vários momentos em que esteve na antiga Febem, atual Fundação Casa.

A infância e a adolescência foram assinaladas por um único desejo: sobreviver. Sonhar era quase impossível, a não ser quando a poesia, que ela escrevia quase sempre escondida, a socorria.

Após um dia mais difícil do que são os dias de quem vive em vulnerabilidade, ela aceitou ajuda. Contou com o suporte de uma ONG para se recuperar da dependência química e encontrar novos caminhos.

Ganhou uma bolsa de estudos, conseguiu um emprego e um quarto para morar e juntou toda a sua esperança de uma vida melhor. Passou a escrever com regularidade e ingressou na faculdade de jornalismo.

Contou fragmentos da sua vida em dois livros – “Por que Não Dancei” (editoras Senac e Ática) e “Diário da Rua” (editora Salamandra). Reviveu sua história em um processo dolorido, que culminou na descoberta do amor próprio: “Eu não gostava de mim. Hoje eu me amo”.

São muitas as realizações dessa mulher. Palestrante, produtora e jornalista freelancer, em 2015 ela lançou o CD Guerreira, com faixas autorais que ela compôs para tentar escapar da solidão.

“Eu não conseguia falar, colocar pra fora o que eu sentia. Então eu comecei a fazer pagode e poesia e me comunicar por meio da música.”

Hoje ela dança, sorri, chora e garante que nada nem ninguém a escravizarão mais. O amor maior é dedicado ao filho, Kadu Abayomi Ortiz da Silva, de 12 anos.

Foi com ele a negociação para a realização das fotos do ensaio. Seguro de que a mãe ficaria bem, ele concordou.

Para Esmeralda, o ensaio abordou a beleza de uma perspectiva diferente daquela geralmente apresentada nas revistas. “Não importa se você é gorda, magra, se tem alguma deficiência, não precisa ser uma modelo pra ser bonita”, reflete.

E finaliza: “Eu vejo a beleza de outra forma. Acho minha alma muito pura, muito limpa. A beleza é algo que vem de dentro pra fora. Às vezes, até não estou bem com meu corpo, mas minha alma é tão boa…”.

 

 

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