Negras são as principais vítimas de violência no Rio

 

A mulheres negras têm mais chance de serem alvo de violência no Rio de Janeiro, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) na semana passada, baseada em dados coletados em 2009. O Dossiê Mulher 2010 mostra que as mulheres negras são a maioria entre as vítimas de homicídio doloso – aquele em que há intenção de matar – (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%). As brancas só eram maioria nos crimes de ameaça (50,2%).

 

De acordo com a coordenadora da organização não-governamental Crioula, Lúcia Xavier, embora o racismo não esteja evidente nos casos de violência contra a mulher negra, está por trás de processos de vulnerabilização dessas mulheres, que as deixam mais expostas a situações de violência. Para ela, a sociedade desqualifica as mulheres negras.

“O racismo permite que a sociedade entenda que essas mulheres [negras] podem ser violentadas”, afirmou Lúcia. “Está aí a representação delas como lascivas, quentes, sem moral do ponto de vista da sua experiência sexual. Logo, acabam mais vulneráveis para essa violência.”

 

Em todos os crimes listados no dossiê, também chama a atenção o percentual de vítimas que conheciam os agressores. Nos casos de lesão corporal, 74% das mulheres tiveram contato com os acusados, entre os quais 51,9% eram companheiros ou ex-companheiros. Pai ou padrasto, parentes e conhecidos somaram 22,1% dos agressores.

 

Nas ocorrência de tentativa de homicídio, a pesquisa constatou que em 45,8% dos casos as vítimas também conheciam os agressores, assim como em 38,8% dos casos de estupro e atentado violentado ao pudor, dos quais 58,4% do total de vítimas tinha até 17 anos. “As pessoas que se relacionam intimamente também reproduzem essa violência simbólica do racismo”, destacou a coordenadora da Crioula.

 

Um das pesquisadoras responsáveis pelo estudo do ISP, a capitã da Polícia Militar Cláudia Moraes, não faz a mesma avaliação de Lúcia Xavier. Para a militar, a pesquisa não traz elementos suficientes para relacionar a violência contra as mulheres negras ao racismo. Cláudia destaca também que as mulheres brancas, em termos percentuais, sofrem quase a mesma violência que as mulheres pardas. “Essa violência, do tipo doméstica, é democrática, afeta todo os níveis e classes sociais”, afirmou. As informações são da Agência Brasil.

 

Fonte: Írohín

 

 

Combate à violência contra mulheres negras passa pela valorização da raça, avalia ONG

acoesafirmativas
Campanhas de valorização da raça negra podem ajudar a combater a violência contra as mulheres desse grupo. A avaliação é da coordenadora da organização não-governamental Crioula, de defesa das mulheres negras, Lúcia Xavier.

 

A ativista fez a afirmação ao comentar pesquisa do Instituto de Segurança Pública do estado segundo a qual as negras são maioria entre as vítimas de homicídio doloso – com intenção de matar – (55,2%), tentativa de homicídio (51%), lesão corporal (52,1%), além de estupro e atentado violento ao pudor (54%).

 

“Inicialmente, é preciso fazer campanhas de valorização dessas mulheres, tratando de sua importância na sociedade, no trabalho, na educação, para acabar com a ideia de que são sempre as mucamas (escravas domésticas), tratadas como se fossem objetos das pessoas há anos”, afirmou.

 

Paralelamente a um processo educativo nas escolas e no ambiente de trabalho, a coordenadora sugere campanhas mostrando como o racismo e violência contra as mulheres influencia a vidas das negras, inclusive na área de segurança, como revelam os dados do ISP.

 

Políticas públicas que considerem que ser mulher negra é fator de risco também devem ser adotadas principalmente em áreas mais carentes, defende Lúcia. “De modo geral, se a violência já afeta um determinado grupo marginalizado, as mulheres negras estão mais vulneráveis”.

 

 

 

 

Fonte: Írohín

+ sobre o tema

As cotas desmentiram as urucubacas

-Fonte: Folha de São Paulo - - ELIO GASPARI...

A cerveja, a comida e um corpo estendido no chão

Nada pode ser mais preocupante que a indiferença diante...

Nota da Coalizão Negra por Direitos por justiça para Miguel Otávio!

A Coalizão Negra por Direitos se solidariza com a...

“Você só pode discutir mérito entre iguais”

Fundadora do Núcleo de Consciência Negra da USP fala...

para lembrar

“Por que julgamos que a diferença seja um problema?” Achille Mbembe

Em entrevista, o filósofo camaronês fala sobre xenofobia, nacionalismo,...

Universidade: o que a branquitude tem e o que nós temos

A universidade pública é uma instituição branca, concebida por...

“Estava a visão do inferno”

Policial que participou do massacre do Carandiru conta para...

MANIFESTO: Assassinado! Mais um corpo negro assasinado!

Pedro Gonzaga foi brutalmente assassinado no último dia 14,...
spot_imgspot_img

PM afasta dois militares envolvidos em abordagem de homem negro em SP

A Polícia Militar (PM) afastou os dois policiais envolvidos na ação na zona norte da capital paulista nesta terça-feira (23). A abordagem foi gravada e...

‘Não consigo respirar’: Homem negro morre após ser detido e algemado pela polícia nos EUA

Um homem negro morreu na cidade de Canton, Ohio, nos EUA, quando estava algemado sob custódia da polícia. É possível ouvir Frank Tyson, de...

Denúncia de tentativa de agressão por homem negro resulta em violência policial

Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (25) flagrou o momento em que um policial militar espirra um jato de spray de...
-+=