Nota pública : autoridades devem ser ágeis e transparentes no atendimento às vítimas de Brumadinho

Conectas se solidariza com todas as pessoas atingidas e demanda que empresas e poder público não repitam os erros do desastre do Rio Doce

Do Conectas

A barragem da mina do Feijão, situada em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), se rompeu nesta sexta-feira (25). — Foto: Uarlen Valério/O Tempo/Estadão Conteúdo

A Conectas lamenta profundamente o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), na tarde desta sexta-feira, 25, e se solidariza com as vítimas e familiares de mais esta tragédia socioambiental. Neste momento crucial, a Vale e as autoridades públicas devem agir imediatamente para evitar que danos se agravem e se tornem irreversíveis.

A ocorrência de mais um desastre com barragens evoca o caso do Rio Doce e suas lições. A Vale e os órgãos públicos não podem repetir os erros cometidos no triste episódio que chocou o Brasil e o mundo três anos atrás. O momento pede ação imediata e totalmente focada no atendimento e identificação das vítimas.

A transparência também é fundamental. A sociedade e as comunidades têm o direito à informação integral sobre o plano de contingência e como ele será implementado. Outra informação de grande importância se refere à toxicidade dos rejeitos despejados após o rompimento. A contaminação por metais pesados de solos e de águas causa danos incalculáveis ao meio ambiente e à saúde das comunidades atingidas.

Após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, relatores especiais da ONU condenaram a “postura defensiva” das empresas envolvidas (Vale, BHP Billiton e Samarco) e das autoridades públicas. A tragédia ficou marcada pela reação confusa, lenta e desordenada dos órgãos públicos e empresas privadas. Além da ausência de sirene para alertar os moradores de Bento Rodrigues e outros distritos próximos à barragem, as medidas para conter o avanço da lama foram ineficazes. Cidades como Governador Valadares viram o caos se instalar pela interrupção do fornecimento de água tratada.

“Fica evidente o quão são despropositadas medidas de iniciativa dos Estados e do governo federal que buscam flexibilizar o licenciamento ambiental e enfraquecer o sistema de proteção ambiental”, alerta Caio Borges, coordenador de Desenvolvimento e Direitos Socioambientais da Conectas. “Ações dessa natureza apenas abrem margem para novas tragédias. É necessário também o aperfeiçoamento das políticas de segurança de barragens para evitar que novos rompimentos venham a acontecer”, completa.

Conectas seguirá acompanhando os desdobramentos desta tragédia e cobrará das autoridades e da empresa envolvida medidas para que episódios inaceitáveis como este não voltem a se repetir.

+ sobre o tema

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz...

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a...

para lembrar

Quem tem medo e/ou nojo de pobres?

Por que os pobres incomodam tanto? Em um mundo...

Total de policiais militares expulsos da corporação cresce 76% em dois anos em SP

  Ato desonroso, atentado às instituições nacionais ou até mesmo...

Lula terá o que mostrar em Genebra

NOSSO GUIA desembarca hoje em Genebra para o aniversário...

Ex-ministra Matilde diz não vê sentido em Estatuto sem cotas

Dois anos, quatro meses e dez dias depois de...

MG lidera novamente a ‘lista suja’ do trabalho análogo à escravidão

Minas Gerais lidera o ranking de empregadores inseridos na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A relação, atualizada na última sexta-feira...

Conselho de direitos humanos aciona ONU por aumento de movimentos neonazistas no Brasil

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer um alerta...

Brizola e os avanços que o Brasil jogou fora

A efeméride das seis décadas do golpe que impôs a ditadura militar ao Brasil, em 1964, atesta o apagamento histórico de vários personagens essenciais...
-+=