Números do trabalho infantil ainda são alarmantes no Brasil

Cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes ainda trabalham no país

No Brasil, os números relacionados ao trabalho infantil ainda espantam. De acordo com o IBGE, apesar da queda de 16% em 2019, na comparação com 2016, a quantidade de crianças e jovens que trabalham ainda é alta: 1,8 milhão.

Neste 12 de junho, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil propõe um chamado à sociedade no combate a esta dura realidade, com a campanha “Proteger a infância é potencializar o futuro de crianças e adolescentes. Chega junto para acabar com o trabalho infantil”.  

Um dos órgãos fiscalizadores deste tipo de trabalho é o Ministério Público do Trabalho. Ana Maria Villa Real, Procuradora do Trabalho, ressalta a gravidade e complexidade da questão.  “Não é um tema simples. É um tema complexo. É um tema que, nós temos várias formas de trabalho infantil desafiadoras como o trabalho infantil no tráfico de drogas, o trabalho infantil doméstico, o trabalho infantil rural, o trabalho infantil nas ruas, que a gente sabe que é uma realidade aí dura e muito visível aos olhos na sociedade”, diz.

Ainda de acordo com o IBGE, em 2019, entre as pessoas em situação de trabalho infantil, 53% estavam no grupo de 16 e 17 anos de idade; 25% no grupo de 14 e 15 anos e 21% no de 5 a 13 anos de idade. Pouco mais de 66% eram pretos ou pardos. Para o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Claudio Augusto da Silva, esse resultado carrega muito dos resquícios da realidade escravagista brasileira. “Ainda permanece na nossa forma de pensar, de parte da sociedade brasileira, algumas formas de entendimento muito parecidas, muito associadas e muito vinculadas aos tempos da escravidão, em que o outro, a outra pessoa é coisificada. Então ela não tem os mesmos direitos do restante da população”, afirma.

A procuradora do trabalho, Ana Maria também chama a atenção para as causas do trabalho infantil, especialmente o racismo. “O trabalho infantil tem como causa a desigualdade social estrutural. Então a pobreza, o desemprego, tem ainda o racismo estrutural. E a gente fala do racismo estrutural sempre porque 66% dos trabalhadores, das vítimas do trabalho infantil, são negras”, completa.

Outro dado alarmante é a presença na escola destas crianças e jovens. Em 2019, na população de 5 a 17 anos de idade, 96% estavam na escola, mas entre as crianças e adolescentes em trabalho infantil, essa estimativa diminuiu para 86%. A idade mínima para o trabalho no Brasil é 16 anos. Mas, o adolescente, a partir dos 14 anos, pode trabalhar como aprendiz, desde que respeitadas as determinações legais.  

A denúncia do trabalho infantil pode ser feita no Ministério Público do Trabalho, Conselhos Tutelares e pelo disque 100.  

+ sobre o tema

As relações ambíguas entre Governo e mídia

Por Gilberto Maringoni Enquanto seus apoiadores acusam a...

Confira mapa com 10,8 mil vagas na cidade de São Paulo

Vagas oferecidas pelo centro de recrutamento são para todas...

Sobre parteiras, bruxas e hereges

Mariana queria fugir do destino de quase todas as...

Morre morador de rua espancado por três jovens de classe média em São Leopoldo

Israel da Silva Machado estava internado no Hospital Centenário...

para lembrar

GAJOP – NOTA PUBLICA

      O GAJOP vem a público expressar a sua confiança...

Golpes financeiros digitais deixam consequências psicológicas nas vítimas

Cair na conversa de um estelionatário e perder uma...

Até o PSDB critica jovem reacionário de Alckmin

Ricardo Salles questionou a existência de crimes na...

Justiça decide que trainee da Magalu só para negros não é discriminatório

O programa de trainee exclusivo para candidatos negros, realizado pela...
spot_imgspot_img

Ipea sedia encontro sobre empoderamento econômico da população negra

Empoderamento econômico da população afrodescendente e o papel dos Bancos Multilaterais e dos Bancos Nacionais de Desenvolvimento são temas do próximo evento paralelo do...

Ipea sedia encontro sobre empoderamento econômico da população negra em parceria com Geledés, ONU Mulheres, C20 e W20

Empoderamento econômico da população afrodescendente e o papel dos Bancos Multilaterais e dos Bancos Nacionais de Desenvolvimento são tema do próximo evento paralelo do...

Mulheres com endometriose têm 20% mais risco de infarto ou AVC, aponta pesquisa

A endometriose é uma doença que afeta uma em cada dez mulheres. E esse público tem um risco 20% maior de sofrer com problemas cardiovasculares, como infarto...
-+=