Quando Cecil J. Williams começou a trabalhar como fotojornalista, nos anos 1950, um fotógrafo negro era uma absoluta raridade, especialmente em um estado notoriamente racista como o da Carolina do Sul, onde Cecil nasceu e foi criado. O estado era segregado, negros eram separados de brancos em locais públicos, a violência racista era uma ameaça constante, mas a resistência e a luta pelos direitos civis eram crescentes – e foi esse movimento que Cecil decidiu registrar.
E não somente: sua foto orgulhosamente bebendo água em um bebedouro designado somente para a população branca (com uma placa em primeiro plano na qual vergonhosamente se lê “somente brancos”) tornou-se símbolo do horror racial que tomava conta dos EUA de então, mas também da luta e da força para derrubar a pior sombra de nossa civilização. Tirada em 1956 pelo amigo e fotógrafo Rendall Harper em um posto de gasolina, a foto hoje permanece como um lembrete, pendurada em cima do bebedouro da Richard Library, biblioteca em Columbia, na Carolina do Sul.
Cecil Williams tornou-se fotógrafo correspondente da revista Jet quando ainda tinha somente 15 anos, e seu trabalho se tornaria nacionalmente conhecido em 1968, quando registrou as consequências e os protestos por conta do Massacre de Orangeburg, quando policiais investiram contra manifestantes que protestavam contra um boliche que segregava a população negra e mataram três homens negros.
Seu trabalho hoje é referência sobre o movimento pelos direitos civis nos EUA, e encontra-se exposto em diversos museus do país e do mundo. Em 2019 Williams inaugurou o Cecil Williams Civil Rights Museum, com centenas de imagens e artefatos sobre a luta contra o racismo. Funcionando também como um centro comunitário, o tema do museu é “Os eventos na Carolina do Sul que mudaram a América” – e tem as fotos de Williams, sua coragem e luta, como símbolos desse tema.
Foto em destaque: Reprodução/ Hypeness