Oprah Winfrey: Primeiros sapatos aos 6 anos e uma das maiores fortunas aos 61

É apresentadora televisiva, actriz, produtora, filantropa e empresária e foi considerada, pela Time Magazine, uma das 100 pessoas mais influentes do século XX. Aos três anos recitava poesia e hoje, aos 61, é dona de 3,1 mil milhões de dólares.

Por  Carla Pedro, do Jornal Negócios 

Oprah Gail Winfrey nasceu às 19h51 do dia 29 de Janeiro de 1954, na cidade rural de Kosciusko, Estado norte-americano do Mississipi. A sua mãe, Vernita Lee, era ainda uma adolescente, pelo que Oprah viveu os primeiros cinco anos da sua vida na quinta da avó, Hatti Mae Lee, enquanto Vernita procurava emprego mais a norte do país. A vida na quinta era bastante básica, tendo apenas a companhia dos animais com quem brincava e aos quais atribuía papéis em filmes imaginários. O dinheiro também não abundava: teve o seu primeiro par de sapatos aos 6 anos, conta a IMDb.

Getty Images

Mas teve uma avó atenta, que a ensinou a ler e a escrever desde muito cedo. Com 3 anos, Oprah já recitava poemas e trechos da Bíblia nas igrejas locais, o que lhe granjeou a alcunha de “A pequena oradora”.

 

Aos seis foi viver com a mãe, que tinha arranjado trabalho como empregada doméstica em Milwaukke, e a sua vida piorou consideravelmente: nos longos dias que passava sozinha, foi repetidamente violada por familiares e amigos de Vernita, contam o Biography.com e a Academy of Achievement.

 

Os abusos duraram até aos seus 13 anos. Quando tentou fugir, foi enviada para um centro de detenção juvenil mas a admissão foi-lhe negada por não haver camas disponíveis. Aos 14, estava fora de casa e por conta própria. Deu entretanto à luz um filho que acabaria por morrer duas semanas depois, devido a complicações por ter nascido prematuro (com 7 meses). Foi quando seguiu para Nashville, para ir viver com o pai, Vernon Winfrey, cujos ofícios o fizeram mineiro, barbeiro e vereador.

 

Vernon deu-lhe a estabilidade que precisava e redisciplinou-a. Todas as semanas tinha de ler um livro e apresentar um relatório ao pai sobre as suas impressões. Oprah tornou-se uma aluna brilhante, tendo ganho vários prémios pelas suas capacidades oratórias e de declamação.

 

Em 1976 mudou-se para Baltimore (Maryland), onde co-apresentou um programa de entrevistas, na WJZ-TV News, que se tornou um sucesso televisivo: People Are Talking. Oito anos depois, em Janeiro de 1984, foi recrutada por uma estação de TV de Chicago, a WLS-TV, para apresentar um programa da manhã, o A.M. Chicago, que tinha a duração de meia hora e era pouco visto. Em menos de um ano, transformou o programa num êxito. O formato foi alargado para uma hora de duração e em Setembro de 1985 passou a ter o seu nome – The Oprah Winfrey Show –, tendo começado a ser transmitido a nível nacional. Foi a primeira afro-americana a apresentar um programa de TV.

 

Quando a América estava já apaixonada por Oprah, chamou ainda mais a atenção ao desempenhar o papel de Sofia no filme “A Cor Púrpura”, de Steven Spielberg – que lhe valeu a nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária.

 

As audiências foram crescendo e em 1993 conseguiu um feito inédito: a entrevista que fez ao cantor Michael Jackson teve 100 milhões de espectadores, tornando-se na entrevista mais vista na história da televisão. O programa com o seu nome, que lhe rendeu vários prémios Emmy, esteve no ar durante 25 anos, de 1986 a 25 de Maio de 2011 – chegando nessa altura a ser difundido em 140 países.

 

A grande fórmula do seu sucesso prendeu-se sempre com a forma como Oprah se mostrava, revelando abertamente as suas dificuldades do passado, os seus problemas de peso, as suas crenças espirituais e até mesmo as suas relações amorosas, o que levava também os seus convidados a revelarem “segredos” que nunca tinham confidenciado.

 

É também conhecida pela sua luta contra os abusos sexuais de crianças e, depois de muito batalhar por uma base de dados nacional de pedófilos condenados, conseguiu que em 1993 o Presidente Bill Clinton promulgasse a “Lei Oprah”.

 

Os seus interesses alargam-se também à produção cinematográfica e à edição livreira, tenho ela própria sido autora de cinco livros. É também uma reconhecida activista dos direitos humanos e os seus esforços humanitários passam por fundações e até mesmo pela abertura de escolas.

 

É de tal modo influente que quando se anuncia a sua participação accionista numa empresa, esta dispara em bolsa – é o chamado Efeito Oprah Winfrey. Aconteceu no passado dia 19 de Outubro, com a Weight Watchers a escalar 70% numa só sessão depois de ser divulgado que Oprah tinha comprado 10% das acções.

 

Foi eleita, pela Forbes, a mulher negra mais rica do século XX. A sua fortuna actual está avaliada em 3,1 mil milhões de dólares, ocupando a 211.ª posição na lista da Forbes das 400 pessoas mais ricas do mundo e o 5.º lugar no “ranking” das mulheres norte-americanas que se fizeram por si próprias (“self-made women”).

 

Em 2011, lançou a sua própria rede de TV por cabo, a Oprah Winfrey Network (OWN). E mostrou que consegue continuar a prosperar sem um “talk show”, salienta a Forbes.

+ sobre o tema

A cor do pecado: no século xix, a sensualidade da mulher negra

______________________   Resumo Esta pesquisa tem por objetivo principal analisar a presença...

Bruna da Silva Valim é primeira negra a representar SC no Miss Universo Brasil

Bruna da Silva Valim, candidata de Otacílio Costa, foi...

A Mulher Negra Guerreira está morta…

Há poucas horas, enquanto lutava com a realidade de...

Elizandra Souza celebra 20 anos de carreira em livro bilíngue que conta a própria trajetória

Comemorando os 20 anos de carreira, a escritora Elizandra...

para lembrar

Carta aberta a uma mãe

Carta aberta de uma mãe que não sabe o...

Descolonizar a língua e radicalizar a margem

Uma resenha sobre “Um Exu em Nova York” de...

“Kbela”, filme sobre a relação da mulher negra com o cabelo crespo, foi eleito melhor do MOV

O curta-metragem carioca Kbela, da diretora Yasmin Thayná (PUC-Rio),...

Evento gratuito voltado à literatura afro-brasileira é realizado em Porto Alegre

12ª Festipoa Literária começa nesta segunda-feira (29) e segue...
spot_imgspot_img

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Ela me largou

Dia de feira. Feita a pesquisa simbólica de preços, compraria nas bancas costumeiras. Escolhi as raríssimas que tinham mulheres negras trabalhando, depois as de...
-+=