“Orgulho de ser branco”: negros não entram
Grupo no Facebook divulga conteúdos racistas, xenófobos e machistas utilizando o argumento de que a diversidade pode extinguir a “raça” branca
O racismo não está presente somente nas relações cotidianas, mas também marca território na internet, especialmente nas redes sociais. A página “Orgulho de ser branco/eurodescendente”, hospedada no Facebook, tenta mascarar o racismo da maioria dos participantes do grupo com o discurso de que os brancos são discriminados e que, portanto, possuem o direito legítimo de afirmar seu orgulho racial.
No entanto, algumas postagens dos membros do grupo revelam o racismo, ora velado, ora não, contido na página criada na rede social. “Mal acordo hoje e tenho que ouvir na globo: ‘estamos aqui celebrando a mistura entre os povos …’ porra, deu vontade de me jogar aqui do meu ap”, afirma um dos membros do grupo. O grupo é fechado e conta com 202 membros.
Dois repórteres daFórum solicitaram a participação no grupo. Um deles, branco com o sobrenome europeu foi aceito de imediato. Outro que tinha a foto de um negro em seu perfil não teve a participação autorizada.
Não só o racismo é explicito na página do grupo, mas também existem postagens claramente xenófobas e de intolerância religiosa. No último dia 26 de julho, um dos membros mais ativos do grupo postou o seguinte questionamento: “Já que os muçulmanos são um problema em muitos países da Europa, o governo desses países não podem simplesmente expulsar esses imigrantes de lá?”.
Grande parte das postagens da página defendem que a “raça” branca pode ser extinta e que, portanto, pessoas brancas não deveriam ter filhos com negros. “Hoje numa conversa falei com uns amigos e colegas sobre o que acham de brancos terem filhos com negras e falei que isso é errado, pois deveriam preservar nossa raça, e os caras já falam que isso é racismo. Não dá pra acreditar”, diz uma das postagens do grupo.
Uma das enquetes postadas revela, além do racismo obviamente contido na página, sua clara postura machista. “Acham uma preta(carvãozinho mesmo, africana) comestível rsrs ???”, questiona a enquete.
Segundo o promotor de justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Mario Higuchi Júnior, “qualquer tipo de conduta que traga algum traço de discriminação racial pode ser considerado crime”. Segundo ele, na internet não é diferente. “As pessoas acham que, atrás do teclado, ninguém descobre nada, mas não é assim”, afirmou ao portal O Tempo.
Além do grupo fechado, há ainda uma página pública que divulga ideias contra o “racismo o racismo e o repúdio aos eurodescendentes”.