Para diminuir pobreza, Maricá, no Rio de Janeiro, cria 1ª moeda social eletrônica do país – Por: Clara Velasco

Banco comunitário Mumbuca foi lançado em dezembro do ano passado.
Bolsa de 70 mumbucas é repassada pela prefeitura a famílias carentes.

 

 

Secretário Miguel (à esquerda) participa da
inauguração do banco Mumbuca (Foto: Divulgação/
Prefeitura de Maricá)

 

A cidade de Maricá, no interior do Rio de Janeiro, lançou a primeira moeda social eletrônica do país no final do ano passado, segundo a Rede Brasileira de Bancos Comunitários. Diferente das outras moedas já existentes no Brasil, a “mumbuca” ainda faz parte de uma política da prefeitura de complementação de renda para famílias carentes.

O Mumbuca foi o mais recente banco comunitário inaugurado no país. Com ele, o Brasil chegou à atual marca de 104 instituições no país – mais que o dobro do total registrado há cinco anos, em 2009 (51).

Desde dezembro de 2013, cada família cadastrada no Bolsa Mumbuca recebe 70 mumbucas – o que equivale a R$ 70 – através dos cartões de débito do programa. Os cartões apenas são aceitos em estabelecimentos locais que também aderiram à iniciativa. O objetivo é erradicar a pobreza da cidade – que abriga cerca de 13 mil famílias que ganham até um salário mínimo.

“É uma forma de complementação de renda em que os recursos são utilizados apenas dentro da cidade. Com isso, estimulamos o comércio. Nossa estimativa é que, em breve, vamos ter injetado R$ 1 milhão na economia local através da bolsa”, diz Miguel de Moraes Filho, secretário de Direitos Humanos de Maricá.

 

Segundo Moraes Filho, a ideia de usar o cartão de débito surgiu após comparações com o Bolsa Família, que é sacado em reais. “Desta forma, não há um controle de onde o dinheiro é usado. Com a moeda eletrônica, além de garantir o consumo de mercadoria no território, impedimos que os recursos sejam utilizados de forma indevida, como a compra de mercadorias ilícitas”, diz.

Para o comércio local, o uso da mumbuca também representou aumento nas vendas. “O movimento melhorou muito [desde o início do programa], tivemos até que contratar mais um funcionário. Está sendo bom tanto para a empresa, quanto para a população, pois já surgiu mais uma vaga de emprego”, diz José Cláudio Ribeiro Policarpo, proprietário do Mercado Jolumar.

O mercado foi o primeiro da cidade a trabalhar com a mumbuca. “A prefeitura nos procurou oferecendo a ideia. Nós instalamos a maquineta e tudo funciona como um cartão de crédito. Depois de 30 a 40 dias da compra, o banco comunitário nos deposita o dinheiro em real”, diz Policarpo.

cartao

Cartão de débito da Bolsa Mumbuca (Foto:
Divulgação/Instituto Palmas)

Segundo Joaquim Melo, diretor da Rede Brasileira de Bancos Comunitários e coordenador do Instituto Palmas, que ajudou a inaugurar o programa em Maricá, um banco em um bairro na periferia de Fortaleza deve ser o segundo do país a receber a moeda eletrônica. “Governos de muitos municípios estão no ligando, pois a ideia é boa não só para quem consome, mas também para quem produz”, diz.

Próximas fases do programa
De acordo com Moraes Filho, o uso da mumbuca para complementar a renda é a primeira fase do programa. “Estamos criando formas legais para utilizar recursos das sobras da Câmara dos Vereadores para criar um cartão que poderá ser usado pelos universitários da cidade para comprar livros”, diz.

A prefeitura também pretende abrir através do banco comunitário um sistema de linha de crédito de até 15 mil mumbucas para micro e pequenos empreendedores. “Além disso, ao longo do ano que vem, pretendemos aumentar a bolsa para até 300 mumbucas”, diz.

 

 

Fonte: G1

 

+ sobre o tema

Extremo climático no Brasil joga luz sobre anomalias no planeta, diz ONU

As inundações no Rio Grande do Sul são um...

IR 2024: a um mês do prazo final, mais da metade ainda não entregou a declaração

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda...

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as...

para lembrar

Entre sabujos e desacreditados

Todos nós sabemos qual foi o papel da grande...

O fortalecimento da democracia passa pela participação ativa das juventudes

Uma preocupação crescente na sociedade diz respeito à importância...

Taxação de heranças: o problema não é herdar riqueza, e sim pobreza. Por Leonardo Sakamoto

Dia desses, após participar de um debate, fui abordado...

IBGE: número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave em SP cresce 37% em 5 anos e passa de 500 mil famílias

O número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave no estado de São Paulo aumentou 37% em cinco anos, segundo dados do Instituto...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação de desnutrição aguda, a ONU alerta que o mundo dificilmente atingirá a meta estabelecida no...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na terça-feira que Portugal foi responsável por crimes cometidos durante a escravidão transatlântica e a era...
-+=