Na tarde deste domingo, os quatro policiais presos em flagrante após a morte de cinco jovens foram transferidos para o Batalhão Especial Prisional (Bep), antiga Penitenciária Vieira Ferreira Neto, em Niterói, na Região Metropolitana. Os policiais militares Thiago Resende Viana Barbosa, Marcio Darcy Alves dos Santos e Antonio Carlos Gonçalves Filho foram presos em flagrante por homicídio doloso e fraude processual, e o policial Fabio Pizza Oliveira da Silva por fraude processual.
Por Marina Navarro Lins e Pedro Zuazo, do Extra
A transferência foi feita em viaturas do próprio 41º BPM. Na saída da delegacia, PMs impediram que as equipes de jornalistas presentes no local captassem imagens dos presos.
Os jovens tinham voltado de um passeio no Parque Madureira e saíram novamente para fazer um lanche, quando foram atingidos pelas dezenas de tiros disparados por policiais militares do 41º BPM (Irajá) na Estrada João Paulo. Wilton Esteves Domingos Júnior, de 20 anos, dirigia o Palio que foi fuzilado. Também estavam no carro os amigos Wesley Castro Rodrigues, de 25 anos, Cleiton Corrêa de Souza, de 18 anos, Carlos Eduardo da Silva de Souza, de 16 anos, e Roberto de Souza Penha, de 16 anos.
As testemunhas que chegaram logo após o crime dizem que os policiais tentaram forjar um auto de resistência, colocando uma arma de mentira na mala do carro. Segundo a Polícia Civil, um simulacro de pistola (arma de mentira) e um revólver calibre 38 foram apreendidos, e a perícia vai investigar se as armas foram deixadas pelos PMs no local ou se estavam em posse dos jovens.
Pai de Wesley, César Pitanguy, de 45 anos, trabalhava com o filho, que era encarregado de obras, e acredita que o crime se trate de uma execução:
— Tinha até tiro no teto. Isso não pode ser querer. Daqui a pouco esses policiais estão na rua de novo, despreparados. O que nós queríamos é que eles perdessem a farda. Não adianta fazer protesto porque isso não vai trazer os meninos de volta.
Wesley tinha um filho de 2 anos, Luiz Henrique, e os dois moravam com a mãe do jovem:
— O meu filho tinha o sonho de ter uma vida, uma família, mas eles não deixaram — diz César.
De acordo com a 39ª DP, foi realizada a perícia no local e os corpos das vítimas foram encaminhados para exame de necropsia no IML. As armas dos policiais militares foram apreendidas e os veículos estão sendo periciados. Testemunhas estão sendo ouvidas. A Polícia Civil informou que dois dos cinco jovens têm passagem pela polícia. Wesley tinha uma anotação criminal por tráfico e Cleiton, por furto.
Segundo a Polícia Militar, o comando do 41º BPM (Irajá) abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para esclarecer as circunstâncias da ocorrência em Costa Barros, envolvendo policiais do batalhão. Segundo a PM, os policiais responderão perante à Justiça comum e perante à Justiça Militar.