‘Provavelmente vão dizer que foi um mal-entendido’, desabafa pai de menino vítima de racismo em loja da Oscar Freire

Um passeio pela elegante rua Oscar Freire, em São Paulo, acabou em constrangimento e racismo para a família de Jonathan Duran. Em uma publicação no Facebook, feita no último sábado, ele contou que foi expulso da frente da loja da marca Animale enquanto falava ao telefone e acusou uma das vendedoras de racismo: “(Ela) chegou irritada e falou para mim: ‘Ele não pode vender coisas aqui!’. Olhei para ela sério e respondi: ‘Ele é meu filho’!”. O filho de Jonathan é negro. “Em certos lugares em São Paulo, a pele do seu filho não pode ter a cor errada”, desabafou.

Do Extra

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O caso teve forte repercussão nas redes sociais e, por conta das diversas mensagens de apoio, curtidas (já somam quase 3 mil) e compartilhamentos que recebeu, Jonathan publicou mais considerações sobre o ocorrido na madrugada desta terça-feira.

“Não importa quantas vezes você lê sobre esses casos de racismo, nada te prepara para o choque quando acontece com seu filho. Provavelmente vão dizer que foi um ‘mal-entendido’ (mesmo quando as crianças negras têm o azar dos mal-entendidos sempre acontecerem com elas). No entanto, minha preocupação é quando o ‘mal-entendido’ não é mais com uma vendedora de uma loja, mas com um policial armado”, afirmou.

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“Isso é alimentado por uma mídia onde negro só aparece como bandido ou coitadinho, nunca como médico, engenheiro, executivo, cientista, etc. Os casos de racismo contra crianças que aparecem na imprensa costumam ser de famílias de classe média-alta/classe alta, e/ou onde pelo menos um dos pais é estrangeiro. E todos os outros casos que acontecem todos os dias?”, publicou.

Através de sua assessoria de imprensa, a Animale afirmou que “já entrou em contato com Jonathan Duran e reitera que repudia qualquer ato de discriminação. O caso está sendo apurado internamente”.

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