Uhuru Kenyatta – cujo nome significa liberdade na língua kikuyu – foi eleito Presidente do Quénia à primeira volta
Brasília – No ano em que o Quénia comemora 50 anos de independência, Uhuru Kenyatta, filho do «pai fundador» Jomo Kenyatta, foi eleito Presidente do país nas eleições gerais de 4 de março.
O atual primeiro-ministro, Raila Odinga, que era dado como favorito, contesta os resultados, mas ao contrário do que aconteceu em 2007, quando a violência pós-eleitoral fez mais de 1200 mortos e centenas de milhares de deslocados, o vencido escolheu a via legal e disse confiar na justiça queniana.
Sinal de maturidade política? Consciência de que a população votou pela paz e não perdoaria quem tentasse de novo incendiar a violência étnica? Pressões externas? Um pouco de tudo isso?
O certo é que estas eleições e os seus resultados surpreenderam os analistas. Pela modernidade e a forte participação popular em primeiro lugar. Oito candidatos – sete homens e uma mulher – participaram em dois debates na televisão e responderam em direto às perguntas colocadas pelos internautas (12 milhões dos 41 milhões de quenianos têm acesso), uma estreia em África.
As redes sociais desempenharam um papel primordial nesta campanha «à americana» e a mobilização resultou numa participação sem precedentes no Quénia: cerca de 85% dos eleitores inscritos foram às urnas, o que favoreceu Kenyatta e a sua «Coligação do Jubileu», mais ativa no incitamento dos seus eleitores a registarem-se.
A opção pelas novas tecnologias revelou-se contudo desajustada das realidades do país na altura da recolha dos resultados, obrigando a comissão eleitoral a renunciar à contagem eletrónica, devido às falhas do sistema e aos cortes de eletricidade. As tensões provocadas pelos atrasos foram atenuadas pela divulgação imediata dos resultados locais.
A contagem manual pôs em dúvida a eleição de Kenyatta à primeira volta, dado a curta diferença entre os resultados anunciados: 50,07% e cerca de 4000 votos acima da maioria constitucional de 50%. Mas o total dos votos alcançados pelo vencedor proclamado supera em cerca de 800.000 o do seu principal adversário, Odinga, creditado com 5.340.546 votos (43,28%), e os restantes candidatos somando pouco mais de 5%.
Fonte: Africa21