Quero que minha filha tenha as mesmas oportunidades que eu tive e que meus filhos terão

Recentemente fiz algo que aterroriza qualquer pai: levei minha filha para o primeiro dia de aula na faculdade. Estava pensando nesse momento havia meses (provavelmente anos, para falar a verdade), assim como minha mulher. Nossa filha estava saindo de casa para entrar no mundo.

Por Mark Weinberger Do Brasil post

Pensando no futuro da minha filha, quero garantir que ela tenha as mesmas oportunidades que eu tive e que meus filhos terão. Infelizmente, as terríveis estatísticas sobre as mulheres no mundo profissional me dizem que esse pode não ser o caso: hoje, as mulheres ocupam apenas 5% dos cargos de CEO das 500 maiores empresas americanas no ranking da revista Fortune e trágico 0,3% nas 250 maiores empresas listadas no índice FTSE 250. Em 2013, o índice de mulheres em altos cargos executivos, globalmente, era de apenas 18,5%. Esses números não mudaram muito nos últimos 30 anos, então por que eu esperaria que eles melhorassem durante a carreira da minha filha?

Para as mulheres, o caminho até a liderança é difícil e incerto, mesmo que estejamos nos aproximando do Dia Internacional da Mulher de 2015. Na verdade, alguns meses atrás, o Fórum Econômico Mundial publicou um estudo projetando que só teremos paridade de gêneros em 2095. Em 2095!

Isso é ainda mais desconcertante dado o volume de pesquisas que demonstram de forma incontestável que as empresas têm melhores resultados quando as mulheres fazem parte da liderança. Em nosso estudo recente The Time For Gender Parity Is Now (a hora da paridade de gêneros é agora, em tradução livre), 64% das empresas de alta performance relatam que homens e mulheres têm igual influência na estratégia dentro das suas organizações, comparado com apenas 43% das empresas de performance mais baixa. Muitas outras organizações conhecidas mundialmente divulgaram estudos com resultado semelhantes – incluindo maior lucratividade, retorno sobre investimento e inovação – quando as mulheres fazem parte da equipe sênior de liderança.

As mulheres são metade da população; na EY elas são metade dos funcionários. Com tanto a conquistar, por que equipes equilibradas em termos de gênero – na liderança e em outros pontos das organizações – ainda são exceção, não a regra?

Não esperaríamos 80 anos para implementar um imperativo dos negócios que oferecesse tantas potenciais vantagens. Então por que estamos esperando neste caso?

Está claro para mim que, no mundo dos negócios, CEOs e outros altos executivos terão de desempenhar um papel importante para que cheguemos à paridade de gênero.

É importante que as mulheres conquistem mais espaço por conta própria, mas também precisamos de empresas que apoiem e deem impulso a esse movimento. Temos de trabalhar para que o caminho das mulheres esteja desimpedido. As organizações precisam ser pró-ativas no combate ao viés inconsciente, deixando claro que tal viés é inaceitável. E isso não pode ser apenas uma iniciativa; tem de ser uma mudança cultural levada a cabo por políticas corporativas progressistas, tais como trabalho mais flexível tanto para mulheres quanto para homens.

Portanto, neste Dia Internacional da Mulher, vamos olhar para nossas empresas, ou para as empresas em que trabalhamos, e nos perguntar se estamos criando ambientes que ofereçam oportunidade de progresso para as mulheres. Estamos fazendo um esforço consciente para lidar com o viés inconsciente? Nossos caminhos para a liderança incluem as mulheres? Nossas equipes são diversas o suficiente para deixar florescer o espírito inovador e novas maneiras de pensar?

Costumo dizer para meus filhos: o mundo vai encontrar suas limitações; só vocês vão encontrar suas oportunidades. Meu compromisso neste Dia Internacional da Mulher é fazer o que posso como CEO e pai para ajudar mais mulheres a encontrarem suas oportunidades. Nossas filhas e netas não deveriam ter de esperar mais 80 anos para atingir seu potencial no mundo do trabalho.

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