Realidade x Imaginário: o que é ser mulher na atualidade

Artigo produzido por Redação de Geledés

Cá estava eu refletindo sobre um maravilhoso artigo que acabei de ler, “Mulheres, vivências e mercado de trabalho”. A autora, Elisabete Vasconcelos, professora e Mestre em História, nos leva a refletir sobre a situação da sociedade patriarcal e os impactos que ela sobrepõe a situação de trabalho de mulheres.

Mas, é claro que, durante a fala dela, quando a autora menciona a mulher empreendedora de classe média ou baixa, negra e periférica, meus olhos ficaram vidrados e ávidos por soluções que sabemos que estão longe de alcançarmos.

Como eu disse, o artigo é incrível, a autora escreveu muito bem, trouxe dados estatísticos e nos apresenta um cenário que muitos conhecemos, mas que decidimos ignorar por ser mais conveniente, afinal, quem liga para a boleira, para a decoradora, para a manicure, para a designer? Quem liga para a faxineira, passadeira ou a “secretária do lar”?

Tivemos um exemplo bem claro que a vida dessas pessoas importam menos quando se fala em estatística, vide a doméstica que morreu porque a patroa estava infectada com um vírus contagioso, porém, não se permitiu ao luxo de fazer ela mesma os afazeres de casa, afinal, tempo para isso ela teria visto o tal isolamento.

Mas, em contrapartida, talvez ela nem se lembre como dar conta de suas coisas.

Não me leve a mal, todos precisam de emprego e não é pecado ter empregada, mas é necessário que se recorde com maior frequência que empregado é gente como você e que o que os diferencia na prática são os cargos, os salários, o bairro nobre ou o subúrbio e, é claro, a dignidade com a qual sobrevivem.

E quando há criança envolvida na realidade?

“Como assim, ‘fulana’ não tem com quem deixar o filho e vai precisar faltar no trabalho? Que absurdo!”.

Absurdo é ser julgado por ser obrigado a cuidar do bem-estar dos seus, sim, bem-estar, pois se em tempos de crise e isolamento a doméstica sai de casa, não é para passear e ao passo que se expõe à contaminação, expõe também aos seus familiares.

Eu poderia finalizar pedindo mais empatia, mas a palavra está ficando esgotada, então, termino com um sonoro: OLHE ALÉM DO SEU UMBIGO!

Quem sabe, assim, não damos mais um passo rumo à sociedade que eu acredito que mereço e quero acreditar que você também.

Até a próxima!

+ sobre o tema

“Lutamos contra todas as formas de discriminação e falamos alto”

Não poderia haver melhor título para a exposição de...

“A escravidão não oferece resposta para tudo”

Neste 13 de maio, são 132 anos da assinatura...

para lembrar

O maior legado do Ilê é a valorização do negro

A exposição Ocupação Ilê Aiyê a ser inaugurada no Itaú Cultural,...

A costura das máscaras se tornou o sustento da família de Janaína

Costureira e moradora da Cidade Tiradentes, bairro periférico de...

África ou França ???

Quem disputará a final da copa da Rússia neste domingo ? A multietnicidade ou os franceses ? Do total de 23 atletas com compõem...

“O legado de Marielle é construído por cada mulher preta que se levanta, tira os pés da cama, e segue, porque isso é resistência”,...

Há cinco meses, no dia 14 de março, a arquiteta Mônica Benício viveu sua maior tragédia: a execução no Rio de Janeiro de sua...

Desafios persistentes para mulheres e meninas negras no Brasil: Um olhar sobre a realidade atual

Em 25 de julho celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Como sabemos a data foi instituída em 1992, durante o...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.