Apenas 5,5% das crianças de 3 a 4 anos receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (16) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A faixa etária começou a ser vacinada no Brasil em julho, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da Coronavac para o público acima dos 3 anos.
Em quatro meses, 938.411 crianças de 3 e 4 anos tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid, e 323.965 tomaram as duas doses do imunizante, completando o esquema vacinal do imunizante. O Brasil possui hoje cerca de 5,9 milhões de crianças dentro dessa faixa etária.
Os números foram levantados pelo grupo Observa Infância (Fiocruz/Unifase) com base nos dados de vacinação do sistema do Ministério da Saúde, e chegam em um momento em que o País voltou a registrar um aumento de casos de Covid por conta do avanço de novas subvariantes da ômicron. Especialistas apontam a vacina como um dos meios para evitar hospitalizações e mortes pela doença.
“O atraso na vacinação infantil é preocupante, uma vez que, até junho de 2022, o Brasil registrava uma média de 2 mortes diárias por Covid-19 entre crianças menores de 5 anos”, afirmou a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.
Um dos motivos para a lentidão da vacinação infantil está na escassez de doses. Desde a disponibilização da Coronavac para crianças de 3 a 4 anos, estados vêm recebendo o imunizante a conta-gotas pelo Ministério da Saúde.
Vários municípios já reclamaram de falta de Coronavac e alguns chegaram a suspender a imunização dos pequenos por não terem a vacina nos estoques. O último caso aconteceu no Rio de Janeiro.
Neste mês, o Ministério da Saúde comprou um lote com 1 milhão de doses da Coronavac junto ao Instituto Butantan, produtor da vacina no Brasil. A quantidade é considerada insuficiente já que, no momento, esse é o único imunizante distribuído pelo governo federal para crianças de 3 a 4 anos.
Mas essa não é a única vacina disponível no País para a faixa etária. Há também a chamada Pfizer baby, destinada para bebês e que também pode ser usada em crianças de até 4 anos. Porém, o Ministério da Saúde decidiu destinar o primeiro lote do imunizante, com 1 milhão de doses, apenas para os pequenos de 6 meses a 2 anos e 11 meses de idade com comorbidade. Ainda não há previsão de ampliação da vacina para o restante do público.
“Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Anvisa, em 16 de setembro, 26 crianças menores de 5 anos já morreram em decorrência da doença, o equivalente a dois óbitos a cada três dias”, completou Patricia Boccolini.