Google prioriza estudantes negros em programa de estágio Next Step, no Brasil

Chamado de Next Step, programa abre nesta segunda, terá 20 vagas e duração de dois anos

por Filipe Oliveira no Folha de São Paulo

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imagem- REUTERS

O Google irá priorizar a busca por estudantes negros no Brasil em um novo programa de estágio a ser lançado nesta segunda-feira (28). Chamado Next Step, terá 20 vagas e duração de dois anos.

Vai acontecer em paralelo às seleções de estagiário que já ocorrem para programa de seis meses e que no ano passado escolheram 25 estudantes.

O programa não exigirá fluência em inglês.

​Os selecionados terão aulas do idioma e sessões de mentoria com executivos da empresa.

Fábio Coelho, presidente do Google para o Brasil, diz que o programa busca reduzir a diferença que existe na participação de negros no quadro de funcionários da empresa em comparação com a sociedade brasileira, em que são maioria.

“Entendemos que a empresa que faz produtos para todas as pessoas é melhor quando tem representatividade de todas elas no seu quadro de funcionários.”

Não há dados sobre a participação de negros na unidade brasileira do Google. Relatório da empresa aponta que, nos EUA, eles formam 2,5% da equipe.

Coelho diz acreditar que a falta de domínio de inglês é a principal barreira para a entrada desse público. “É uma questão complicada para os brasileiros, especialmente os com menos acesso a escolas de idiomas.”

Todo estudante com formação prevista para o segundo semestre de 2021 pode participar da seleção. A escolha terá o apoio da consultoria Empodera, especializada em diversidade no mercado de trabalho.

Outra multinacional de tecnologia, a IBM, conseguiu que 50% dos estudantes trazidos para seu programa de jovem aprendiz fossem negros a partir de iniciativa criada em 2016. A companhia não informa o número de selecionados.

Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da IBM para a América Latina, diz que não foram reservadas vagas exclusivas, mas, como nessa seleção há menor exigência de inglês e experiência, a diversidade nos currículos aumenta.

Por outro lado, ela diz que é preciso estar em contato frequente com os responsáveis pela escolha dos candidatos para garantir que se atentem à questão da diversidade, ou não se chega a resultados como os do programa.

Entre as iniciativas da empresa para melhorar o ambiente de trabalho e tornar a empresa mais aberta estão o programa de mentoria reversa, em que funcionário de grupos como negros, pessoa com deficiência ou transgênero passa a ter encontros com executivos para troca de experiências e visões de mundo.

Ana Lúcia de Mello Custódio, diretora-adjunta do Instituto Ethos, diz que, apesar de as empresas estarem se tornando mais abertas à diversidade, questões raciais são as que registram progresso mais lento no mercado de trabalho.

Segundo ela, iniciativas espontâneas de empresas que buscam negros em início de carreira indicam interesse no desenvolvimento e na ascensão profissional do grupo.

Um desafio das grandes que querem atrair jovens negros, segundo Custódio, é mostrar a eles que há espaço para esse grupo na empresa.

Isso pode ser feito, de acordo com Liliane Rocha, sócia da consultoria Gestão Kairós, a partir de material de divulgação do programa que tenha grupos variados representados e de parcerias com instituições com grande abertura para esse público.

“Quando você vê um banner de programa de estágio, como é a foto? São dez pessoas e dez brancos. Se, em vez disso, você fizer um material de divulgação com grupo diverso, todos vão se inscrever.”

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