Considerada uma das maiores intérpretes do país, a cantora Clara Nunes (1942-1983), que ganhou destaque cantando samba, era também uma pesquisadora e admiradora das músicas afro-brasileiras.Os que conheceram o talento da cantora e a nova geração têm, agora, mais oportunidade de rever um pouco de sua trajetória, repertório musical e seus questionamentos, através do espetáculo Deixa Clarear – Musical sobre Clara Nunes.
Por Eduarda Uzêda, do A Tarde
A montagem, protagonizada pela atriz Clara Santhana, pela primeira vez será apresentada em Salvador. Será no Teatro Jorge Amado, sexta-feira, 15, e sábado, 16, às 20 horas, e domingo, 17, às 19 horas. “Este é um projeto idealizado por mim para homenagear Clara Nunes, uma artista que aprendi a admirar na adolescência”, afirma Clara Santhana, que tem apenas 27 anos.
Expectativa
“Minha expectativa de apresentar este espetáculo para Salvador é muito grande, pois Clara Nunes tinha ligação forte com a Bahia e com a cultura afro-brasileira”, afirma a atriz.
Ela conta que o espetáculo estreou em 2013 no Rio de Janeiro como uma homenagem aos 30 anos de morte da cantora. Se viva fosse, Clara Nunes faria em agosto 73 anos de idade.
Com direção de Isaac Bernat, texto de Márcia Zanelatto e direção musical à cargo de Alfredo Del Penho, a montagem, que tem 75 minutos de duração, de acordo com Clara Santhana, apresenta um pouco da infância de Clara Nunes.
Não ficam de fora no espetáculo a relação com Chacrinha e questionamentos da cantora mineira em relação à religiosidade afro-brasileira (a intérprete, que era católica e chegou a flertar com o espiritismo, depois foi iniciada na umbanda).
Repertório
O espetáculo apresenta 20 canções que foram interpretadas por Clara Nunes. Entre elas, O Canto das Três Raças (Paulo César Pinheiro/ Mauro Duarte), Morena de Angola (Chico Buarque), O Mar Serenou (Candeia) e Ê Baiana (Fabrício da Silva/Baianinho/Ênio Santos/ Miguel)
Clara Santhana diz que este é seu primeiro solo e que o maior desafio “foi o de cantar músicas que têm melodias complexas”. A cenografia de Doris Rollemberg leva ao palco uma cortina de miçangas e contas conhecidas como Lágrimas de Nossa Senhora. O figurino de Desirée Bastos traz indumentárias características da cantora mineira, a exemplo das roupas brancas que remetem aos trajes das baianas.
Músicos tocam ao vivo: Michel Nascimento (percussão), Bidu Campeche (cavaquinho e percussão) e João Bittencourt (violão).