‘Seu preto do cabelo rasta podre’ – Músico é vítima de racismo no Shopping Iguatemi em Salvador

 

O músico e militante negro, Fábio Lira, usou o seu perfil pessoal no Facebook para protestar contra um suposto crime de racismo ocorrido nesta quarta-feira (25), no Shopping Iguatemi. De acordo com a publicação, ele foi agredido por um individuo branco que se dizia funcionário do Banco Itaú, da agência do centro de compras. “Este indivíduo me agrediu, empurrando meu rosto quando o mesmo tentava furar a fila no caixa da Perini e inconformado quando a senhora do caixa disse que eu estava na fila e ele não, partiu para briga e começou a lançar palavras racistas tais como: “Quem é você, seu preto do cabelo rasta podre f***, você é um f***!”, desabafou em postagem. Outra publicação , feita por Ricardo Andrade, conta que momentos depois, quando a Polícia Militar chegou, não teria permitido que Lira e os jovens se pronunciassem. Os agentes teriam levado os três jovens na mala da viatura, enquanto o branco ia no interior do carro, para a 16ª Delegacia, no bairro da Pituba. O advogado acionado pela campanha Reaja, Zé Raimundo, teria acompanhado o músico no depoimento.

 

 


fabio liraPor volta das 16hs da tarde de quarta feira. Lira e mais dois colegas de trabalho faziam um lanche na Perine do Shopping Iguatemi durante o intervalo de trabalho. No caixa, um homem branco tentou furar a fila e Lira se antecipou reivindicando o direito de ser atendido primeiro.

Os dois discutiram e a atendente do caixa afirmava que Lira estava na fila primeiro. Não conformado com a postura e autoestima de Lira o homem branco começou o insulto:

– Você é organizador de fila? Perguntava o branco a Lira na tentativa de provocá-lo.

A discussão continuou entre os dois e o homem branco vomitou seu racismo:

– o que é que você quer seu negro (preto) do cabelo f**#? Você quer sair na mão comigo?

Lira se recusou a brigar na mão e diante da agressão verbal se dirigiu ao segurança do shopping que quando foi informado por Lira que se tratava de um crime de racismo se negou a dá assistência dizendo a Lira procurasse a polícia.

Nesse momento o branco que já fizera seu pagamento saia da loja Perine. Líra o seguiu e em frente a Loja HP voltaram a discutir. O homem branco chegou a encostar por duas vezes a mão no rosto de Lira que revidou e derrubou o copo de vinho que ele segurava na mão. Os dois colegas de Lira se aproximaram e o branco entrou na loja HP dizendo que os três jovens queriam rouba-lo, que estavam se juntando para pega-lo.

Com a confusão formada os seguranças do shopping resolveram então agir. Levaram os três jovens negros e o branco para área de segurança no fundo do shopping. Tentavam apaziguar a situação, mas Líra não aceitou nenhum tipo de negociação. Pediu que os seguranças chamassem a polícia, pois se tratava de crime de racismo.

Quando a PM chegou, acreditamos que fora orientada pelos seguranças do shopping, nem permitiu que Lira e os jovens se pronunciassem. Levou os três jovens espremidos na mala da viatura, enquanto o branco no interior do carro era chamado de senhor. A PM chegou a ameaçar algemar os jovens negros.

A campanha Reaja e outros militantes negros quando acionados se dirigiram imediatamente a 16ª delegacia no bairro da Pituba. O advogado acionados pela campanha Reaja, Zé Raimundo, acompanhou Lira no depoimento e teve que exigir que no depoimento constassem detalhes ditos por Lira e que a autoridade policial se negava a registrar, alegando que tinha coisas mais importantes pra fazer.

As 20hs saímos todos da delegacia. Segundo nosso advogado, delegado não concluiu o termo circunstancial. Não tipificou o fato e nem houve enquadramento. Ou seja Lira ainda pode sair como o agressor nessa situação.

*Obs.

1- Lira foi orientado, pelo delegado, a esperar uma intimação chegar em sua casa.

2- Um dos PMs que conduziu os jovens a delegacia exigiu que Lira desse nome, endereço e telefone.

 

Fonte: Ricardo Andrade

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