Thatcher x Cher, por Cidinha da Silva

Por Cidinha da Silva
Foi-se a Dama de Ferro em um funeral de 15 milhões de dólares! Dinheiro aplicado no meticuloso planejamento do espetáculo pós-morte,  desenhado pela própria Thatcher como ato derradeiro de culto à personalidade, rumo à mitificação, enquanto mantinha a lucidez, perdida 8 anos antes de sua morte.
Não foi diferente de Stalin e outros ditadores do Leste europeu, tampouco de figuraças populistas  como Péron e Evita, mas o caso de Thatcher traz o impacto do século XXI, da transmissão de tudo em tempo real, da espetacularização da vida e da morte, marco da pós-modernidade.
Ratifica-se em versão sofisticada, uma concepção de História vinda dos tempos dos reis europeus modernos. Aquela feita por grandes nomes e feitos, homens de destaque e, neste caso, uma mulher que durante toda a década de 80 influenciou os destinos econômicos e políticos do mundo.
Os jovens, também como resultado do culto à História dos grandes e vencedores, têm cada vez mais dificuldade para conectar o presente em que vivem a fatos da História recente.  No twitter, por exemplo, ao ver a notícia da morte da ex-primeira ministra britânica, Margaret Thatcher, não foram poucos os que lamentaram a morte da cantora estadunidense Cher, vivíssima, até onde se sabe.  E ainda houve aqueles que aproveitaram  para tecer comentários sobre a estética da artista, sua importância para a cultura pop e o significado de perdê-la por “morte trágica”.
No Brasil não ficamos distantes. Quando morreu o centenário arquiteto Oscar Niemayer, muita gente lamentou a suposta  morte do jovem futebolista Neymar.
Tempos sombrios de velocidade da informação desassociada da qualidade de compreensão, até mesmo de discernimento.

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