Acostumados a colocar no lombo dos imigrantes a culpa pelo aumento do desemprego e da criminalidade, os italianos do norte, sobretudo da Lombardia, começam a sentir na pele o furor do preconceito.
Uma campanha contra os “trabalhadores fronteiriços” ganhou as ruas e a web no cantão suíço de Ticino nas últimas semanas, com um tempero acima de sarcástico.
“A farra dos ratos” (ou balairatt, no dialeto local, resíduo do dito popular “quando os gatos somem, os ratos fazem a festa”) é o site que utiliza três camundongos como protagonistas.
Um deles é um “pedreiro italiano”, outro um “assaltante romeno” e o terceiro o ministro italiano da Economia, Giulio Tremonti, cuja política fiscal tem atacado as evasões para o outro lado da fronteira. A farra, claro, fica por conta de um queijo suíço.
A polêmica seria menor não fosse por um aspecto geocultural: Ticino é um dos cantões da Confederação Helvética em que a língua oficial é o… italiano. Para adensar as controvérsias, os vizinhos da Lombardia, distantes como Araranguá de Torres, são acusados de “roubar empregos” de trabalhadores suíços.
O epicentro da campanha está na cidade de Lugano, a maior do cantão. Invasão de fronteira, violência urbana e opressão fiscal são os temas alardeados no site e nos cartazes. Nas justificativas, a denúncia de que um trabalhador italiano se contenta em receber um salário equivalente à metade do que tem direito um suíço.
As reações mais fortes surgem em províncias lombardas como Varese e Como, de onde milhares de trabalhadores italianos se deslocam. Na página de comentários do site, a baixaria rola solta de ambas as partes. Comedido, o portal VareseNotizie tanto alerta quanto relativiza a celeuma:
Se de um lado seria perigoso subestimar a campanha, enfatizá-la acaba por torná-la bem-sucedida. E uma campanha publicitária, como se sabe, só atinge sucesso quando se fala dela, bem ou mal.
Fonte: RefuniteBrasil