Orlando é aqui: Professores gays foram carbonizados no interior da Bahia

Noite de sexta-feira (10), ante-véspera do massacre em Orlando, dois professores homossexuais foram encontrados carbonizados em uma cidade do interior da Bahia.

por Ana Beatriz Rosa no HuffPost

Edivaldo Silva de Oliveira, conhecido como Nino, e Jeovan Bandeira, foram achados dentro do porta-malas de um carro incendido às margens da BA-120. Eles deixaram a escola estadual em que trabalhavam em Santaluz, a cerca de 260 km de Salvador, por volta das 22h. Menos de uma hora depois, os dois corpos e o carro de Oliveira foram localizados.

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O motivo? Homofobia.

O delegado João Farias, que apura o caso, disse em entrevista à BBC Brasil que o fato de os professores serem gays é pode ser a única motivação aparente do crime. De acordo com ele, a casa de Oliveira foi encontrada invadida e revirada, mas nenhum dos objetos de valor não foram levados.

O Grupo Gay da Bahia, que faz levantamento nacional de assassinatos de homossexuais, considera ser mais um caso motivado por homofobia.

Denis Gomes, militante do GGB, lamenta o ocorrido e afirma que os LGBTS precisam “reagir antes que se tornem mais uma vítima”.

“Foi um caso que abalou outras cidades. As pessoas tem se mostrado solidaria. Foi puro ódio, a cidade de Santaluz inteira acha isso. Só em Salvador, nos últimos dias, foram catalogados 18 casos de assassinatos de gays. Isso assusta. Não entendemos como o poder público pode assistir a tanta injúria e não fazer nada. Nós sabemos que tem profissionais na justiça que são gays e simpatizantes, mas ninguém compra a briga. Eles também tem medo. Orlando não é diferente daqui. A violência e a homofobia andam juntas em todo o mundo.”

Após o ocorrido, a cidade interiorana de Santa Luz decretou luto oficial de três dias pela morte dos professores.

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Colegas e alunos da escola estadual organizaram uma passeata na última segunda-feira para pedir o fim da violência na cidade e uma solução para o crime. A manifestação reuniu cerca de sete mil pessoas e foi considerada a maior já realizada no município.

Aconteceu hoje em Salvador outra manifestação em repúdio ao ocorrido, de acordo com Gomes: uma vígilia em defesa à liberdade da comunidade LGBT, em que velas foram acendidas em homenagem às vítimas de Orlando, mas também a todos os casos que ocorrem no país e que são ignorados.

“Somos iguais perante a lei. Mas que lei é essa? É muito cruel e é muito assustador. Estamos em contato com uma rede de militância para ver o que o movimento LGBT do Brasil pode fazer. Queremos uma resposta política. A bandeira do arco iris está com lágrimas de sangue hoje.

Não temos o direito de ir e vir. Vamos regredir ao nazismo? Nós queremos andar para frente. Queremos liberdade, família e que a sociedade nos respeite.”

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