12 fatos que você precisa saber sobre Majur, a nova voz da música baiana

Depois de agitar o Carnaval de Salvador ao lado de veteranos como Daniela Mercury e Psirico, a cantora sobe ao palco do Baile da Vogue

Por Mariana Payno Do Vogue

Majur (Foto: Leto Carvalho/Divulgação)

O novo rosto da cena musical brasileira é negro, não-binário e carrega um nome curto e forte: Majur. Aos 23 anos, a cantora baiana — uma das convidadas para comandar a festa do Baile da Vogue, com direito a performance da música “Náufrago” ao lado do rapper Hiran — está em ascensão relâmpago: menos de seis meses depois de estrear com o EP Colorir, já subiu nos principais trios elétricos do Carnaval de Salvador e se prepara para novas parcerias de peso e uma mudança para o Rio de Janeiro. No esquenta para o Baile, conheça mais sobre ela e sua trajetória.

Majur começou na música aos 5 anos de idade
Nascida e crescida na periferia de Salvador, Majur começou a cantar aos 5 anos no coral da Orquestra Sinfônica da Juventude de Salvador. Das apresentações natalinas com o grupo no Pelourinho, ela passou a cerimônias militares com o coral do Colégio da Polícia Militar, onde estudou. E não parou por aí. “Também participei de festivais na escola. Em 2008 cheguei à final estadual do Festival Anual de Canção Estudantil, promovido pelo MEC”, conta à Vogue.

Ela cantou em todos os bares da Barra, em Salvador
Em 2016, Majur montou uma banda com outros cinco músicos para cantar na noite soteropolitana. “Me inspirei em Liniker, cantava as músicas dela, de Tim Maia e de Jorge Ben”, diz. “Foi aí que comecei a criar minha imagem de uma forma mais consistente e deu bastante repercussão na cena.” Nessa época — e depois, ao lado do coletivo Soul Pretas —, ela chegou a cantar em todos os bares da Barra, bairro gastronômico e boêmio de Salvador.

Fotos dos cantores Majur, Maria Gadú e rapper Hiran
Majur com Maria Gadú e o rapper Hiran (Foto: Reprodução/Instagram)

Seu produtor trabalhou com Ivete Sangalo e ela é agenciada por Paula Lavigne
O produtor do EP Colorir é Jaguar Andrade, que já trabalhou com Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Carlinhos Brown. “Ele viu um vídeo meu na internet e disse que tinha ideias sobre qual estilo musical combinava comigo”, conta. Algum tempo depois a cantora foi apresentada a Paula Lavigne pela também produtora Lua Leça e deu uma canja na casa de Paula e Caetano Veloso em Salvador. “Ela pediu para eu cantar, e o Caetano ficou apaixonado. Tinha muita gente lá e todo mundo me filmou com o celular. Foi aí que passei a ser conhecida por outras pessoas do meio.”

Liniker ajudou a catalisar sua carreira
Em uma passagem de Liniker por Salvador em 2018, Jaguar Andrade incumbiu Majur de levar um violão ao programa de TV do qual a cantora paulista iria participar. “Peguei três táxis, dois ônibus e um metrô para entregar esse violão. Cheguei às 12h08 e o programa começava às 12h15”, conta ela. Depois da epopeia e do primeiro encontro com a ídola, a cantora foi convidada a subir no palco com Liniker no show daquele dia. Juntas, elas entoaram a canção Tua, que Majur cantava nos bares. “Tudo começou exatamente aí. Essa visibilidade do show da Liniker me levou a lugares muito maiores.”

A internet abriu muitas portas para ela
Foi por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais que o produtor Jaguar Andrade conheceu a música e a voz de Majur. O Instagram também facilitou o contato com Lua Leça, que a apresentou a Paula Lavigne. E, claro, a internet foi e é a principal plataforma de divulgação do trabalho da cantora. “Meu público vem da internet. A música Náufrago está chegando a 100 mil reproduções”, conta. “Isso é bom para a gente entender esse novo mundo, o mundo digital em que a gente não depende de uma gravadora ou do lançamento de um disco. É muito mais aberto e livre.”

Majur e Daniela Mercury no Carnaval de Salvador (Foto: Reprodução/Instagram)

Ela arrasou no carnaval de Salvador
Em uma festa na casa de Paula Lavigne e Caetano Veloso em 2 de fevereiro, Dia de Iemanjá, choveram convites para Majur participar do badalado Carnaval de Salvador. Ela saiu em todos os dias da folia soteropolitana: subiu nos trios de Daniela Mercury, Psirico, Marcia Castro e no Expresso 2222. Também participou do show da banda Afrocidade, no Pelourinho, ao lado cantora angolana Titica.

Ela fez faculdade de design
Antes do sucesso repentino permitir que ela se dedicasse completamente à música, Majur cursou Design Visual com Ênfase em Meios Digitais na Universidade Salvador. “Quando você é pobre, a música é só um sonho, não é uma profissão. Por isso eu queria fazer a faculdade e a música em paralelo, como se fosse um hobby”, diz. O curso, afinal, acabou contribuindo para sua formação enquanto compositora. “Comecei a entender mais de semiótica e passei a escrever melhor por causa disso. Minha comunicação com o público via redes sociais também melhorou depois do que aprendi lá.”

Majur foi estrela do Afro Fashion Day
Poucos dias depois do lançamento de seu EP nas plataformas digitais, Majur foi convidada para desfilar no Afro Fashion Day, evento anual em Salvador que dá visibilidade para modelos negros e marcas locais. Com sua música Africaniei tocando ao fundo, ela deu um show de representatividade na passarela. “Fui a primeira pessoa na história do Afro Fashion Day a desfilar com roupa feminina sendo geneticamente masculino.”

Majur no Afro Fashion Day, em novembro de 2018 (Foto: Reprodução/Instagram)

Ela representa a diversidade
Não-binária, negra e gay, Majur se vê como representante de “um tipo de diversidade LGBTQI+”, mas recusa rótulos muito fechados. “Não conseguimos mais dividir as coisas em caixas”, diz. “É algo muito mais livre, e o verdadeiro sentido dessa liberdade é construído pelas pessoas que se dão mais tempo para entender as diversas coisas que acontecem.” Ela conta que carrega essa bagagem tanto para suas músicas quanto para seu posicionamento público. “Tento utilizar minha imagem para criar representatividade.”

Suas inspirações vão do Afrofuturismo a Chico Buarque
As fontes em que Majur bebe para criar sua música são ecléticas, por isso ela costuma classificar o som que tem produzido de world music. Ela flerta com ritmos como soul, R&B, funk, melody e bases de matriz africana — materializados nas batidas de James Brown, Fat Family e até Jesse J. Nas letras, suas referências poéticas são Caetano Veloso, Liniker e Chico Buarque. Já a estética da cantora é inspirada em Grace Jones, expoente do movimento afrofuturista nos anos 1970. “O Afrofuturismo questiona o ‘eu’ negro tomando um espaço de atenção em uma sociedade que não o aceitava”, explica.

Em pouco tempo de carreira, Majur já coleciona parcerias de peso
Majur tem pouco tempo de carreira, mas anda em boa companhia: produzida por Jaguar Andrade, agenciada por Paula Lavigne e lançada no palco de Liniker. Quer mais? Ela se prepara para gravar um dueto com Maria Gadú, no novo álbum da cantora veterana. Além disso, ela abriu um show de Duda Beat em Salvador no ano passado e cantou com o rapper Hiran, seu conterrâneo e parceiro na música Náufrago, no Expresso 2222 durante o Carnaval.

Majur na gravação do clipe de “Africaniei”, uma das canções do EP “Colorir” (Foto: Reprodução/Instagram)

Ela vai cantar no Baile da Vogue
A cantora baiana é uma das convidadas para agitar o Baile da Vogue, no dia 23 de março. Será a primeira vez dela em um palco fora de Salvador, e ela já nutre um carinho especial pela capital paulista: “A maior parte do meu público online está em São Paulo”. E quanto à festa, Majur não esconde a animação. “A gente finge de acostumada, mas por dentro estou gritando. É um lugar em que nunca imaginei que poderia estar, principalmente nesse primeiro momento da carreira”, diz. “Vai ser uma ótima oportunidade para encontrar outras pessoas da música e da vida artística e trocar experiências.”

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