Candomblé, Umbanda e evangélicos unidos

Interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir dos Santos, avalia que fiéis de religiões diferentes se tornaram mais tolerantes

Pela primeira vez nos últimos 14 anos, líderes do Candomblé, da Umbanda e da Igreja Evangélica Neopentecostal se reúnem em um mesmo evento. Organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o show Cantando a Gente se Entende trará bandas de várias religiões para celebrar a convivência entre os credos e a liberdade religiosa.

O evento marca as comemorações do Dia Nacional da Liberdade Religiosa, celebrado ontem e criado em homenagem à sacerdotisa do Candomblé Gildásia dos Santos. Ela foi vítima de perseguição por uma Igreja Neopentecostal e enfartou, em 2000, ao ser acusada de charlatanismo.

Nos últimos anos, o interlocutor da CCIR, babalawo Ivanir dos Santos, avalia que fiéis de religiões diferentes se tornaram mais tolerantes, mas que, institucionalmente, igrejas ainda são hostis a segmentos religiosos de matriz africana, principalmente. “Satanizam nossas crianças na escola, demonizam nossa cultura religiosa e popular como o samba e a capoeira e nossos rituais”, disse.

Instalada no Brasil, há 12 anos, a Igreja Evangélica Voz de Deus, da corrente neopentecostal, será a primeira a se juntar ao evento da comissão. O pastor-presidente Ayo Balogun, de origem nigeriana, avalia que é preciso vencer as barreiras do preconceito no Brasil. “As igrejas tem que unir os seres humanos e não deixar de amar pessoas que não praticam a mesma fé que a nossa”, declarou.

Para Ivanir dos Santos, a adesão da igreja de Ayo Balogun à comemoração é o primeiro passo para sensibilizar outras igrejas a se juntar contra a intolerância religiosa. “O gesto desse pastor é uma semente que tende a crescer porque muitos evangélicos não têm postura preconceituosa”, disse.

O evento Cantando a Gente se Entende, começa na sexta-feira, a partir das 18h, em frente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, no Centro da cidade. Estão confirmadas a presença do ogan Tião Casemiro, ogan Taina, padre Omar e banda Afro Gospel. O arcebispo da cidade do Rio, Dom Orani Tempesta, nomeado cardeal na semana passada, foi convidado, mas até o final da tarde de ontem ainda não confirmou presença.

Sacerdotes de várias religiões integrantes da CCIR participaram, ontem, de um culto ecumênico no Templo Religião de Deus, em Campo Grande, na zona oeste. Além de candomblecistas, umbandista e neopentecostais, eram esperados espíritas, muçulmanos, budistas, ciganos, praticantes de wicca e seguidores da Fé Bahá’i e hare krishnas.

Fonte: DM

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