Racismo ainda faz vítimas em AL

Como você se sentiria ao ser maltratado, excluído e renegado por causa da cor da sua pele? Como você se sentiria ao ser discriminado, agredido e alvo de violência por causa da cor da sua pele? Ainda somos racistas? A Gazeta traz neste fim de semana reportagem sobre o tema com relatos de quem luta contra o preconceito racial e dados que revelam que ser negro é desafiador e exige atos recorrentes de resistência.

Por Regina Carvalho | Larissa Bastos, do Alagoas Brasil Notícia

Juiz John Silas revela que desde criança ouviu comentários sobre a sua raça | Foto: Reprodução/Alagoas Brasil Notícia

“Tive o primeiro amor da minha vida destruído por causa da cor da minha pele”. “Logo que fiz o concurso, um dos colegas me disse que eu não seria chamado por ser negro”. “Preciso me impor para demonstrar que possuo condições financeiras para estar em determinada loja”. “Fui chamado de negro imoral. Tenho muito orgulho da minha negritude, principalmente em um País racista como o Brasil”. As citações são, na sequência, do advogado Alberto Jorge Ferreira dos Santos; do juiz de Direito John Silas; da professora universitária Lígia Ferreira e do delegado Leonardo Assunção.

Alberto Jorge Ferreira dos Santos tem 21 anos de advocacia e é presidente da Comissão de Defesa da Igualdade Social da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL). “Da escravidão para cá foi o início dessa relação do negro com a sociedade burguesa. Saímos de uma Lei Áurea que simplesmente produziu um ser humano que era desconsiderado pela sociedade, um ser humano que não era um ser pensante, nem um agente capaz de raciocinar, de discutir e participar da sociedade”, declara o advogado, quando instigado a responder a pergunta “por que ainda somos racistas?”.

Betinho, como é mais conhecido, contextualiza que “fomos entregues à uma sociedade que não aceitava o negro como gente e o tempo foi passando, os movimentos foram crescendo, os guetos foram aumentando porque a nossa raça, a partir daquele momento da pseudo libertação dos escravos, passou a conviver em outros tipos de senzalas, a senzala urbana, que até hoje permanece vigente no País. Senzalas do passado se transformaram em favelas, em morros. As senzalas que eram as prisões do passado se transformaram nas prisões estaduais e federais, onde 70% são negros”.

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