Grupo de 100 pessoas aguardava Jeremias Vunjanhe no aeroporto do Rio.
Ativista veio para a Rio+20, mas foi barrado na semana passada em SP.
Por: Marcelo Ahmed
Após ter sido barrado no aeroporto em São Paulo ao tentar ingressar no Brasil para participar da Rio+20, o ativista moçambicano Jc foi recebido com festa ao desembarcar novamente no país, na noite desta segunda-feira (18), dessa vez no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (Galeão), na Ilha do Governador.
Desde as 20h30, um grupo animado de cerca de 100 pessoas fazia verdadeiro carnaval no sagão do aeroporto, batucando e cantando palavras de ordem em apoio ao moçambicano. Jeremias chegou no setor de desembarque do Terminal 2 por volta das 22h. Muito aplaudido, chegou a ser carregado pelo grupo que festejava sua volta ao Brasil.
“A recepção foi fantástica, fruto do apoio tanto da sociedade civil brasileira como do mundo reunida no Rio de Janeiro [para a Rio+20]. A manifestação corresponde à solidariedade que eu recebi nesses seis dias”, afirmou Jeremias no desembarque.
O moçambicano integra a ONG Justiça Ambiental, que tem criticado a atuação da mineradora brasileira Vale em Moçambique. Ele pretende divulgar suas queixas na Cúpula dos Povos, evento paralelo à conferência da ONU.
Jeremias foi mandando de volta ao chegar ao Brasil, através do aeroporto de São Paulo, mesmo com toda a documentação necessária para ingressar no país. No passaporte, foi carimbada a palavra “impedido”, informando que ele consta do Sistema Nacional de Procurados e Impedidos.
Jeremias classificou a situação como revoltante. “Até porque até agora não há explicação sobre o que aconteceu”, afirmou. Segundo ele, a Polícia Federal agiu com “prepotência”, mas ele adiantou que a diplomacia brasileira resolveu seu problema ao desbloquear sua entrada no Brasil.
Em Moçambique, Jeremias tem se dedicado a documentar o reassentamento de 1.365 famílias nas cidades vizinhas de Moateze e Catembe por conta da exploração mineral da Vale na região. “Eles perderam suas terras, seus bens e nos últimos anos têm resistido e denunciado as situações a que foram submetidos. Famílias são ameaçadas e perseguidas, assim como eu fui ameaçado e perseguido”, afirmou o moçambicano.
Fonte: G1