Bahia reforça combate ao racismo também no Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

Esta quinta-feira (21) é o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. O racismo é crime e precisa ser denunciado. Desde dezembro de 2013, a população baiana conta com o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, vinculado à Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), que já registrou 516 casos, sendo 36 somente nos três primeiros meses deste ano.

Por Raul Rodrigues, do  Secom

racismo-imagem- geledés

A secretária da Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis conta que o dia 21 de março é instituído pela Organização de Nações Unidas (ONU) a partir de um massacre ocorrido na África do Sul, quando pessoas negras protestavam contra a Lei do Passe, que demarcava lugares para circulação de pessoas negras e brancas. “Houve nessa data uma ação violenta, portanto esse dia ficou como referência de resistência e de luta contra o racismo em todo o mundo”, explicou.

Segundo a secretária, na Bahia existe o racismo à brasileira justamente pelas características físicas do povo. “O que a gente quer com esse serviço do Centro de Referência Nelson Mandela é justamente fortalecer o combate ao racismo, integrar com a Rede Estadual de Combate ao Racismo. Somente esse ano já são 36 casos registrados, é um número que preocupa, mas também evidencia que os baianos estão procurando o serviço. O que a gente quer é promover a igualdade e atuar na responsabilização dos racistas que ainda insistem externar os seus preconceitos e os seus discursos de ódio”.

O microempresário Silvano Baraúna comenta sobre as manifestações do racismo no cotidiano. “O racismo acontece em todo o Brasil e principalmente aqui na Bahia, onde a maior parte da população é negra. Quando a gente anda atrás de uma pessoa na rua, a pessoa já fica assustada. Às vezes estamos no ponto de ônibus e as pessoas nos olham e colocam a bolsa para frente. É preciso haver a conscientização para isso acabar porque ninguém é melhor do que ninguém, a gente fica constrangido”.

A secretária Fabya informa que, para denunciar basta procurar o centro de referência. “Nós ficamos aqui na Avenida Manoel Dias, em frente à Praça Nossa Senhora da Luz, no prédio do Teatro Jorge Amado. A depender da complexidade, nós podemos ir aos territórios, no interior do estado, com a unidade móvel, e nós podemos ser contactados também pelo telefone (71) 3117-7448”.

A coordenadora do Centro de Referência Nelson Mandela, Nairobi Aguiar, destaca que o primeiro procedimento no órgão é o acolhimento da vítima de racismo. “A pessoa muitas vezes chega aqui extremamente abalada. Para isso nós temos o setor social, o setor psicológico e o setor jurídico. A partir daí nós encaminhamos para os órgãos da rede de combate ao racismo, composto pelos órgãos do sistema de Justiça, governo do estado e sociedade civil e universidades públicas”.

Nairobi ressalta que é importante que a vítima se dirija a uma delegacia e que leve todas as provas possíveis, documentais e testemunhais, e abra uma ocorrência com o maior número de detalhes possível. “Isso deve ser feito porque racismo é crime e o processo ocorre no judiciário com o nosso acompanhamento. O racismo é uma ofensa a toda uma coletividade, a sua cultura a sua história a sua ancestralidade”.

+ sobre o tema

Polícia que mata muito demonstra incompetência de governos de SP, RJ e BA

Ninguém em sã consciência espera que um policial lance...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação...

Eu, mulher negra…

EU, MULHER NEGRA…Eu, mulher negra…Tenho orgulho de quem sou...

para lembrar

Impedida de entrar em loja, delegada negra faz denúncia de racismo

A delegada Ana Paula Barroso foi impedida de entrar...

Vereadora alvo de ofensa racista: ‘Disseram que era liberdade de expressão’

Em entrevista ao UOL News, a vereadora Paolla Miguel (PT-SP)...
spot_imgspot_img

James Cone, teologia negra da libertação e luta antirracista

No dia 28 de abril de 2024, completa-se 6 anos da morte do pastor e teólogo James Cone, o sistematizador da teologia negra. Esta...

Com a mão erguida e o punho cerrado eu grito: fogo nos eurocêntricos cientistas-cientificistas

A verdade é que esse mundo é uma Ameaça. Uma Ameaça a certas gentes. Uma Ameaça a certas não-gentes. Uma Ameaça a redes, a...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas, como imaginado. A estudante do 3º ano do ensino médio Franciele de Souza Meira, de...
-+=