Mês das mães: mulheres ainda são penalizadas, sejam elas casadas ou não

Uma leitura rápida de dados divulgados em pesquisas números deixa claro: não é possível afirmar que homens e mulheres são iguais em direito e obrigações quando se trata de filhos

Por ISIS VERGÍLIO, da MARIE CLAIRE

Evento MC – Isis VergÍlio (Foto: Alexandre Virgilio)

Maio, mês das mães. Embora muitas mulheres guardem este segredo “a sete chaves”, todas temos algum tipo de dificuldade com essa função: a de ser mãe. Mas só as que passaram por processos de separação e por disputas judiciais sabem o quanto a desigualdade entre homens e mulheres pesa também nessas questões.

Vivemos em uma sociedade estruturada pelo racismo, machismo, misoginia, lgbtfobia. A ideia de que homens e mulheres são iguais em direito e obrigações, embora esteja na lei, é algo a ser conquistado e que está bem distante da realidade.

Mais de 80% das crianças brasileiras são criadas por mulheres como primeiro responsável, e 5,5 milhões não têm o nome do pai em seu registro de nascimento. Entre 2005 e 2015, o número de famílias formadas por mães solo subiu de 10,5 milhões para 11,6 milhões. Os dados são de pesquisas publicadas nos últimos dois anos pelo IBGE, e revelam a prevalência e importância da presença feminina e o peso da ausência paterna na educação dos filhos.

Segundo a pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada em 2017 com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o número de lares brasileiros comandados por mulheres passou de 23% para 40% entre os anos de 1995 e 2015.

As mulheres que trabalham fora passam 18,1 horas semanais fazendo tarefas domésticas e cuidando de filhos e de parentes idosos (segundo a Pnad). Já os homens desempregados, dedicam 12 horas semanais a atividades dessa natureza. Para os homens empregados, essas simplesmente não são atividades prioritárias, e não pesam sobre eles as mesmas cobranças feitas às mulheres.

Em 2015, de 10,3 milhões de crianças brasileiras com menos de 4 anos, 83,6% (8,6 milhões) estavam sob os cuidados de uma mulher, o que inclui mãe biológica, de criação (as avós muitas vezes assumem esse papel) ou madrasta.

+ sobre o tema

Carmen Luz é uma das homenageadas no II Prêmio do Dia da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha

Junte-se a nós para celebrar essa trajetória! Quem faz? Associação...

Karol Conka sobre sexo oral e preconceito por ser bi: “Não somos bagunça!”

Karol Conka não dá voltas quando o assunto é...

A filha de ex-escrava que virou deputada e inspira o movimento negro no Brasil

Uma catarinense filha de uma escrava liberta começa aos...

para lembrar

Artigo: A única saída possível: justiça para Marielle

Foi no dia 14 de março de 2018, há...

Por um mundo mais feminino

Há algum tempo, bombou na internet um teste que...
spot_imgspot_img

‘A gente pode vencer e acender os olhos de esperança para pessoas negras’, diz primeira quilombola promotora de Justiça do Brasil

"A gente pode vencer, a gente pode conseguir. É movimentar toda a estrutura da sociedade, acender os olhos de esperança, principalmente para nós, pessoas...

Ana Maria Gonçalves anuncia novos livros 18 anos após lançar ‘Um Defeito de Cor’

Dois novos livros de Ana Maria Gonçalves devem chegar ao público até o fim de 2024. As novas produções literárias tratam da temática racial...

Mulheres recebem 19,4% a menos que os homens, diz relatório do MTE

Dados do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios mostram que as trabalhadoras mulheres ganham 19,4% a menos que os trabalhadores homens no...
-+=