Garotos “perderam a conta” dos estupros sofridos por tropas internacionais

Relatos de crianças de nove anos revelam que as tropas internacionais enviadas à República Centro Africana promoveram estupros quase diários e até mesmo dentro de suas unidades militares, enquanto estavam sob o mandato da ONU para proteger os refugiados em total desespero em Bangui.

Por Jamil Chade , do Estadão 

Este blog obteve trechos das entrevistas realizadas com as vítimas e que revelam que os crimes não ocorreram apenas de forma isolada. Na semana passada, a ONU afastou um de seus funcionários de alto escalão, Anders Kompass, sob a alegação de que ele entregou documentos confidenciais da investigação para a Justiça francesa, apontando para os responsáveis pelos crimes. Os soldados eram franceses e atuavam sob um mandato da ONU em 2014.

Entre maio e junho do ano passado, uma equipe das Nações Unidas entrevistou seis crianças nos campos de refugiados e que teriam sido alvos de abusos ou testemunhas. O que os relatos apontam é uma vida de terror. Segundo um garoto de apenas nove anos, os estupros contra ele eram frequentes. Em sua explicação, ele revela que “perdeu a conta” das vezes em que foi abusado. Em todas as ocasiões, a situação era parecida. Em troca de comida, ele era obrigado a se humilhar diante do soldado francês.

Os relatos apontam que os abuso ocorria em plena luz do dia. Um deles revelou que foi estuprado em uma rua, enquanto outro garoto contou que dois soldados alternavam entre quem o violentava e quem monitorava o local para impedir que fossem vistos.

Um outro caso ainda aponta que um garoto se aproximou de um soldado para pedir comida. A resposta: “venha comigo que vou te dar”. O menino foi levado para dentro da caserna dos franceses e, ali, estuprado.

Quase um ano depois dos fatos terem sido registrados, a realidade é que ninguém foi punido, nem na França e nem na ONU. Na verdade, um deles foi sim afastado: a pessoa que denunciou os atos.

+ sobre o tema

Mais de 120 mil mulheres são donas do próprio negócio no DF

Segundo levantamento do Sebrae, o DF é a segunda...

Medalhista, Jucielen Romeu, do boxe é proibida de falar sobre racismo e empoderamento

Medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos, Jucielen Romeu foi...

‘Águas da Cabaça’ é o novo livro de Elizandra Souza

Projeto literário envolve sete mulheres negras por Jessica Balbino "Águas da...

para lembrar

Conheça as 21 empreendedoras Negras da Lista da Forbes

Há aproximadamente um ano decidi empreender e comecei minha...

Agressões contra mulheres cresceram 44% no ano passado

Dados da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres mostram...
spot_imgspot_img

‘A gente pode vencer e acender os olhos de esperança para pessoas negras’, diz primeira quilombola promotora de Justiça do Brasil

"A gente pode vencer, a gente pode conseguir. É movimentar toda a estrutura da sociedade, acender os olhos de esperança, principalmente para nós, pessoas...

Ana Maria Gonçalves anuncia novos livros 18 anos após lançar ‘Um Defeito de Cor’

Dois novos livros de Ana Maria Gonçalves devem chegar ao público até o fim de 2024. As novas produções literárias tratam da temática racial...

Mulheres recebem 19,4% a menos que os homens, diz relatório do MTE

Dados do 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios mostram que as trabalhadoras mulheres ganham 19,4% a menos que os trabalhadores homens no...
-+=