Mulheres negras querem mais espaço na política

Um dia após a Marcha das Mulheres Negras, que reuniu cerca de 30 mil pessoas em Brasília,as participantes da caminhada contra o racismo e a violência cobraram mais protagonismo político e visibilidade durante audiência pública promovida nesta quinta-feira (19) pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH).

Do Senado

O fim do racismo e do sexismo reproduzidos nos veículos de comunicação e mais participação de negros em cargos de direção de órgãos públicos também foram reivindicações feitas durante o debate.

Segundo Clátia Regina Vieira, coordenadora da marcha, o conservadorismo do Congresso Nacional impede o avanço de políticas públicas e leis que permitam mais ascensão social dos negros.

— Temos um Legislativo hoje que tem, em suas ações, nos excluído, nos prejudicado e nos deixado à margem. Não vamos mudar a vida das mulheres negras, a vida do povo negro, se não ocuparmos cadeiras no Legislativo —avaliou.

Mesmo sendo maioria da população (52%), os negros também ocupam poucos cargos de direção em empresas e órgãos públicos. A situação das cerca de 50 milhões de mulheres negras é ainda mais complicada, conforme apontou a ouvidora-geral da Defensoria Pública do estado da Bahia, Vilma Reis.

— Nas 50 maiores empresas públicas e de capital misto do Brasil, é uma vergonha. Não tem mulher negra nas gerências e diretorias — criticou.

Violência

A Marcha das Mulheres Negras faz parte das comemorações pelo Dia da Consciência Negra, que é celebrado em 20 de novembro, e teve participação de manifestantes de diversas partes do país.

A violência crescente contra essa parcela da população é uma das principais preocupações das militantes. Segundo o Mapa da Violência de 2015, o assassinato de mulheres negras entre 2003 e 2013 aumentou 54,2%.

— Enquanto nós tivermos uma mulher negra vítima de violência, não vamos nos calar — garantiu Clátia Regina.

Confronto

Dora Bertulio, da Fundação Palmares, disse que os veículos de comunicação reforçam a imagem de que a população negra é subalterna. Sônia Terra, do Instituto da Mulher Negra no estado do Piauí, concordou. Ela lamentou que o confronto ocorrido ontem entre participantes da Marcha das Mulheres Negras com manifestantes pró-impeachment ganhou mais destaque na mídia do que as bandeiras das militantes.

— A visibilidade foi dada pelas balas que nos desestruturam. A mídia ignora e desrespeita a maioria da população — afirmou.

Dois policiais civis foram presos após o incidente. Pelo menos um dos detidos faz parte do grupo que está acampado em frente ao Congresso e pede a saída da presidente Dilma Rousseff. A senadora Regina Sousa (PT-PI), que presidiu a reunião, cobrou a retirada dos manifestantes.

— São guardiões do Eduardo Cunha e estão ali para intimidar, amedrontar. Vamos tirar aquele acampamento — disse a parlamentar.

+ sobre o tema

Higiene mental

Assisti à temporada inteira de uma série sobre casas...

Autor de feminicídio é condenado em tempo recorde em São Paulo

Um homem mata uma mulher porque não consegue aceitar...

Kerry Washington, cinema e afins

Linda. Pele de pêssego. Primeira protagonista negra de uma...

para lembrar

Feminicídio: Homem mata ex-namorada três dias depois de ser preso por agredi-la

O caso aconteceu no Distrito Federal: inconformado com o...

Homem é condenado a pagar R$ 20 mil por agressões à mulher em Brasília

Uma mulher de Brasília conseguiu, na justiça, que seu...

Jogadoras inglesas ganham direito à licença maternidade

Jogadoras dos 24 clubes da Super Liga de futebol...
spot_imgspot_img

Universidade é condenada por não alterar nome de aluna trans

A utilização do nome antigo de uma mulher trans fere diretamente seus direitos de personalidade, já que nega a maneira como ela se identifica,...

O vídeo premiado na Mostra Audiovisual Entre(vivências) Negras, que conta a história da sambista Vó Maria, é destaque do mês no Museu da Pessoa

Vó Maria, cantora e compositora, conta em vídeo um pouco sobre o início de sua vida no samba, onde foi muito feliz. A Mostra conta...

Nath Finanças entra para lista dos 100 afrodescendentes mais influentes do mundo

A empresária e influencer Nathalia Rodrigues de Oliveira, a Nath Finanças, foi eleita uma das 100 pessoas afrodescendentes mais influentes do mundo pela organização...
-+=