O racismo nosso de cada dia

Em 2012, ela ganhou o Prêmio Nacional de Jornalismo Abdias Nascimento, pelo programa “Caminhos da Reportagem – Negros no Brasil: brilho e invisibilidade”. Mas isso foi só o começo, pois para Luciana Barreto a luta está longe de terminar.

Por Carmen e Thaís Do Vem Divante

“Todo reconhecimento é bem-vindo no sentido de dar visibilidade à nossa luta, por isso esse prêmio teve um sabor especial. Mas é evidente que temos que avançar. A preocupação com as denúncias contra o preconceito ainda está restrita aos meios de comunicação especializados e às redes sociais. A grande mídia precisa reconhecer o Brasil racista, precisa aceitar sua existência. Nada vai adiante sem esse processo de aceitação”, diz ela.

Âncora do Repórter Brasil Tarde, que vai ao ar de segunda a sexta, ao meio-dia, na TV Brasil, Luciana conta como o jornalismo pode ajudar na luta contra a agressão aos negros.
“O jornalismo pode muito. Nos últimos anos, eu trabalho intensamente denunciando violações dos direitos humanos. Em nosso país, desigual e excludente, negros e indígenas vem pagando uma conta altíssima, sofrendo todo tipo de violações. Nosso trabalho é e pode ser ainda mais forte neste sentido”.

Outro assunto que é sempre pauta para Luciana é a representatividade. “Representatividade importa sim! Pra todos. Especialmente para as crianças. Muitos estudos levantam essa problemática. Tem muita gente na academia pesquisando o tema e trazendo contribuições incríveis sobre  o poder da representatividade na infância”, diz ela, que tem um olhar esperançoso sobre o futuro.

“É inegável que avançamos muito na conquista de direitos nas últimas décadas. Temos hoje indicadores sociais ligeiramente melhores que os do passado. No entanto, do ponto de vista da discussão e do combate ao preconceito, continuamos negando o racismo nosso de cada dia. Continuamos colocando pra debaixo do tapete. Continuamos enfrentando as dificuldades de falar do tema. E, muitas vezes, temos a sensação de dar dois passos pra frente e um pra trás. Ainda assim, avançamos”.

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