Lenny Kravitz fala sobre novo álbum, ‘Black and White America’ baseado em um documentário racista da TV americana

Após 3 anos sem um disco de inéditas, Lenny Kravitz se prepara para lançar nesta segunda-feira, 21, seu novo álbum, “Black An White America”.

Em entrevista exclusiva, o músico fala sobre o novo trabalho, revela a inspiração para o clipe de “Stand”, seu primeiro single, e antecipa como será sua próxima turnê, que vem ao Brasil para o Rock In Rio no dia 30 de setembro.

O álbum ‘Black and White America’ foi gravado em Paris e nas Bahamas. O que esses lugares têm de especial pra você?

Lenny Kravitz: O que faz as Bahamas especiais pra mim, em primeiro lugar, é que o lado materno da minha família vem de lá. Fui criado lá. É um lugar onde eu realmente me sinto confortável. Eu fico numa pequena ilha, numa cidade muito pequena, com poucas pessoas, e sou visto como um local. É isso. É realmente saudável ter um lugar onde as pessoas não projetam todas aquelas imagens em você, baseadas na sua fama e tal. É apenas a experiência diária mesmo, muito simples. Então eu acabei construindo um estúdio incrível lá, com tudo o que eu sempre quis. É o meu lar. Paris, por outro lado, é um bom contraponto a isso, porque nas Bahamas eu moro num trailer na praia, muito simples. Só faço música e como o que a horta e o mar fornecem. Quando vou a Paris, é o oposto: é uma vida urbana e eu moro numa casa. Eu vou lá quando quero sentir um clima mais cosmopolita, quando quero ir a museus, galerias de arte, comer comidas mais sofisticadas e beber vinho, ir à ópera e ao balé. As duas cidades realmente equilibram bem uma à outra, são os dois extremos de que eu gosto.

De onde vem o título “Black and White America” e sobre o que é a música?

LK: “Black and White America”, para mim, reflete a minha vida; quem eu sou, como cresci, o que vi, a situação dos meus pais, sendo um casal interracial no começo dos anos 60. E isso também tem a ver com o lugar onde estamos hoje. A música foi inspirada num documentário que eu vi, em que havia um grupo de americanos que empacaram em seus pensamentos conservadores, naquilo que foi ensinado a eles. Eles não aprovavam a situação a que a América tinha chegado. Eles obviamente não aprovavam um presidente afroamericano e estavam cheios de ódio. Chegaram ao ponto de dizer que tinham certeza de que o presidente não viveria muito, que eles iam cuidar disso e que havia planos, e todo esse tipo de coisa. O que me chocou, como alguém que não pensa em raças, é que ainda exista gente que pense assim. E obviamente eu conheço pessoas que pensam assim, mas ouvir isso, na TV, nesse documentário, me derrubou por um momento e me fez pensar nisso. O refrão de ‘Black and White America’ é uma réplica a esse documentário, e depois vêm os versos, um sobre Martin Luther King e toda a sua missão e seus motivos, e outro sobre meus pais e um pouco do que eles passaram.

Este é seu nono álbum de estúdio. Você sente que é seu melhor trabalho até agora?

LK: Eu amo tudo o que já fiz, ou não teria feito, mas há algo nesse álbum que realmente me toca, eu sinto que ele realmente representa que eu em sou, onde estou e pra onde vou. Há algo nele que de certa forma completa o ciclo. Estou realmente feliz com o álbum e criativamente satisfeito. Levei tempo para fazer o que precisava fazer, gravei todas as músicas que achei necessárias para completar o espectro, quer dizer, eu sentia que realmente precisava de mais músicas para completar o quadro. Porque, estilisticamente, meu álbum está em todo lugar, todos os meus álbuns estão. E eu queria percorrer todos os estilos e sons eu pudesse. Há 16 faixas no meu álbum, e, embora caibam em um CD, eu enxerguei isso como um álbum duplo, porque eu ainda penso em vinil, é algo que nunca vai me deixar. Para mim são duas partes de um vinil, com quatro músicas de cada lado. É um registro duplo, e é disso que eu precisava.

O que mais te influenciou durante o processo de composição e gravação do disco?

LK: O que mais me influenciou durante a composição deste álbum foi justamente o fato de eu não ter ficado pensando sobre isso. Você pode ter uma idéia de onde você acha que está indo e o seu espírito criativo pode simplesmente te levar a uma direção completamente diferente. Então, para mim tudo é sobre estar relaxado, curtindo cada dia, apreciando a beleza de onde eu estava e das pessoas e apenas deixando a música vir. É isso.

Por que “Stand” foi escolhida como single?

LK: “Stand” é um single realmente fofo, é engraçado. A canção tem uma sonoridade pop, gruda na cabeça das pessoas e tem uma batida funk. O que é interessante sobre essa música para mim é que ela tem uma batida funk, leve e divertida. Mas para mim, pessoalmente, ela tem uma mensagem muito séria, porque se você ouvir a letra, é sobre perseverança na vida e sobre seguir em frente. Quando você é derrubado, você tem que dar uma volta por cima e continuar se movendo. O vídeo de “Stand” é muito engraçado. Eu interpreto três personagens diferentes e é como se fosse um game show. É sobre um bocado de gente perdendo coisas e a forma como elas lidam com isso, mas de uma forma completamente cômica.

Como surgiu a ideia de convidar Jay-Z para participar do álbum?

LK: Eu sentia que tinha que trabalhar com Jay-Z novamente porque a música pedia. Quer dizer, eu não penso em fazer coisas só porque “ah, isso vai ser um evento”, ou “nossa, como isso seria cool de fazer”. É tudo sobre a música. Então, depois de gravar “Drop Boongie”, ouvi a voz dele no centro da canção. Eu sabia que não era um solo de guitarra ou qualquer coisa parecida. Eu queria a voz de Jay-Z ali, eu senti que tinha o personagem que eu estava procurando. Então eu liguei para ele, e ele é um cara extraordinário, topou e eu o coloquei na canção. Simples.

O que você espera da turnê “Black And White”?

LK: Vai ser funky. Eu montei uma banda incrível, acho que a mais forte que já tive. Estou criando um ambiente para se tocar com um palco e um set e materiais interativos para que o público se sinta parte do show. Vai ser uma turnê forte, com grande musicalidade.

Fonte: Multishow

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