Ex-mulher de africano morto em MT quer levar corpo para Guiné-Bissau

Por: Dhiego Maia


Mãe de 2 filhas de Toni, Babilé Nhaga acompanha traslado do corpo.

Corpo de africano morto em Cuiabá será trasladado nesta sexta-feira.


A primeira mulher de Toni Bernardo da Silva, africano espancado até a morte há 16 dias em Cuiabá, desembarcou nesta quinta-feira (06) na capital para acompanhar o processo de traslado do corpo do ex-marido. A africana Babilé Augusto Nhaga morou com Toni em Guiné-Bissau e juntos tiveram duas filhas. A mais velha morreu e a segunda já tem nove anos.

Em entrevista ao G1, a estudante de enfermagem, que também mora em Fortaleza, no estado do Ceará, disse que após a tragédia, apenas uma coisa a conforta: ela quer levar o corpo do Toni para a filha dela em Bissau. “Minha filha sabe que ele faleceu e desde então chora o tempo todo. Por isso é que eu quero ir com o corpo do Toni para eu ver também como a minha filha está”, declarou.

Ela contou que não via o ex-marido há cinco anos e que soube do assassinato de Toni poucas horas depois do ocorrido. “Eu fiquei assustada quando recebi a ligação do meu amigo de madrugada dizendo que Toni havia sido morto. O Toni não merecia ter morrido”, afirmou.

A africana ainda ressaltou que a família de Toni está desesperada por conta da falta de informação a respeito da morte dele em Cuiabá. “Falei com a mãe dele ontem e ela ficou preocupada com o que Toni passou aqui”. Na entrevista que concedeu ao G1, Nhaga enfatizou que viveu momentos felizes com o universitário e que só por isso decidiu ter filhos com ele. “Toni era gente boa e o meu relacionamento com ele era muito bom. Passei momentos bons com ele”, finalizou.

Babilé acompanhou o primeiro-secretário da embaixada da Guiné-Bissau no Brasil, José Luis Mendes, em uma série de audiências em vários órgãos estaduais. Ao G1, o representante se mostrou satisfeito com o tratamento das autoridades sobre o caso. “O levantamento de todas as entidades demonstram disposição em acompanhar o processo até que a Justiça seja feita”, disse.

Ele ainda informou que caso seja solicitado, vai acompanhar o corpo de Toni em viagem a Guiné-Bissau. Na passagem por Cuiabá, o representante da embaixada africana também vai levar ao país um relatório sobre a situação em que estão os africanos que estudam via intercâmbio em Cuiabá.

Relacionamento no Brasil

Toni estava prestes a ser pai novamente. Em novembro próximo, mais um filho dele, fruto de um relacionamento com uma mulher de 38 anos vai nascer. A cuiabana, que prefere não ser identificada, está acompanhando de longe o desfecho do caso do pai do filho dela, já que está com uma gravidez de risco. Quando soube do assassinato de Toni, ela chegou a ser levada às pressas para um hospital para ser medicada.

Ao G1, ela disse que o casal tinha muitos planos. “Em fevereiro próximo nós iríamos levar o nosso bebê para a família dele conhecer”, disse. Ela informou ainda que o casal não chegou a formalizar a união por conta da situação irregular de Toni. Depois de ser desligado da UFMT, em março, Toni ficou ilegal no país. “Nós só não casamos por conta desta situação”, confirmou. Ela e Toni ficaram juntos por um ano. No dia em que Toni morreu, eles almoçaram juntos. “Ele estava afastado da minha casa, mas no dia do assassinato, nós almoçamos juntos. Foi o último dia que nós nos falamos”, finalizou.

 

 

 

Fonte: G1

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