Na terra pioneira da abolição, Lula volta a defender política de cotas

No Ceará, ex-presidente recebe 13º título de doutor honoris causa e critica preconceito de ‘meia-dúzia de brancos’ contra política de vagas para afrodescendentes e indígenas

 

São Paulo – Ao receber seu 13º título de doutor honoris causa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a política de cotas em universidades implementada em sua gestão. O cenário foi a cidade de Redenção, no interior cearense, que é conhecida por ter sido a primeira a libertar escravos, cinco anos antes da abolição oficial da escravatura no Brasil, em 1888. Lula recebeu o título da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), a mais “jovem” universidade federal, criada em 2010.

Ao falar das cotas, o ex-presidente criticou o “preconceito” de “meia-dúzia de brancos”, que, representando a elite, “ousaram dizer na imprensa que as cotas seriam um retrocesso”. Ele disse ainda que os pobres, antes considerados um “problema”, passaram a ser “solução para o desenvolvimento”. Segundo Lula, burrice é “confundir inteligência com anos de escolaridade”. Mas ele lembrou que seu governo criou 14 universidades federais e 126 extensões universitárias. “Dobramos o número de vagas nas universidades públicas. Instituímos o sistema de cotas para favorecer o acesso de afrodescendentes ao ensino público superior. Por meio do Prouni, já oferecemos 1 milhão e 300 mil vagas para estudantes de famílias pobres nas instituições particulares”, acrescentou.

A escolha da região Nordeste para instalar a Unilab não foi casual, disse o ex-presidente. “Aqui são maiores as marcas da desigualdade e os desafios do desenvolvimento”.

Também estavam na cerimônia em Redenção, a 63 quilômetros de Fortaleza, o governo Cid Gomes (PSB) e o ministro Aloizio Mercadante (Educação). Segundo o reitor da Unilab, Paulo Speller, há 2 mil estudantes matriculados. Ele anunciou que será criado um curso de Medicina na instituição, enquanto o governador falou sobre a construção de um hospital universitário na região. Lula lembrou também que, em seu primeiro ano de governo, já defendia uma universidade Brasil-África.

Logo após o almoço houve uma pequena cerimônia em que o prefeito da cidade de Acarape, Franklin Veríssimo, entregou o título de Cidadão Acarapense para o ex-presidente Lula e também para o ministro Aloizio Mercadante, o reitor Paulo Speller e o governador Cid Gomes.

Em 1º de janeiro de 1883, a então Vila do Acarape (atual Redenção) emancipou 116 escravos – e tornou-se conhecida como Rosal da Liberdade.

A uma plateia majoritariamentede jovens, Lula estimulou os estudantes a praticar política. “A negação da política é a pior coisa que existe”. E disse que gostaria de ter sido economista, “principalmente da oposição, porque eles são sabidos demais”.

 

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual 

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