Jovem acusa supermercado de racismo em SP

Quando foi ao supermercado na tarde do último dia 28, a relações públicas Manoela Gonçalves, de 29 anos, não imaginou que terminaria o dia sem as compras e com uma queixa na delegacia. A jovem, dona de um volumoso penteado estilo “black power”, conta ter sido vítima de discriminação na loja do Carrefour na rua Ribeiro Lacerda, na Vila do Bosque, zona sul de São Paulo.

A consumidora afirma que foi seguida dentro da loja por um funcionário.

— O segurança saiu da portaria e passou a me perseguir por todo o trajeto. Aí eu perguntei a ele: o senhor está com um problema comigo? É impressão minha ou está me perseguindo?

De acordo com Manoela, o profissional teria respondido: “você está aí chamando atenção e não quer que eu vá atrás de você”.

A jovem conta que chegou a questionar o segurança se o fato de ela ter cabelo crespo seria motivo para segui-la. Manoela disse que a resposta foi direta: “sim”.

O constrangimento teria ficado ainda pior quando a vítima perguntou ao homem se a abordagem seria a mesma, caso ela fosse “loira e estivesse com o carrinho cheio de compras”. Ele teria dito “não”.

— Eu acho que foi discriminação pelo tamanho do meu cabelo e pela roupa que eu visto. Eu sou discriminada, existe preconceito sim, as pessoas não estão acostumadas.

Segundo Manoela, no meio da confusão, o segurança chegou a afirmar que iria retirá-la da loja. A consumidora contou que, nessa hora, procurou o gerente para relatar a situação, mas ele estava no horário de almoço. Ela acabou sendo atendida pelo responsável pelo setor de frios, que prometeu levar a reclamação a um superior e dar um retorno à jovem.

— Eu me senti constrangida. Ninguém intermediou. Isso para mim foi o que mais me incomodou.

O caso foi registrado no 11° DP (Distrito Policial) como injúria, constrangimento ilegal e ameaça. A jovem diz ainda que vai entrar na Justiça contra a rede por danos morais e constrangimento.

De acordo com Manoela, a empresa ligou dois dias após ela denunciar a situação nas redes sociais. Já a assessoria de imprensa do Carrefour informou que o contato foi feito em pouco mais de 24 horas. A demora, segundo a empresa, foi para localizar a cliente, já que o funcionário não pediu os seus contatos.

Veja, abaixo, a nota do Carrefour na íntegra:

“O Carrefour não tolera qualquer tipo de discriminação, racismo ou desrespeito, e, portanto, desde que tomou conhecimento do relato da Sra. Manoela Gonçalves vem conduzindo ampla e rigorosa apuração. Ao tomar conhecimento dos fatos, entrou em contato com a consumidora para registrar o pedido de desculpas por ela ter se sentido ofendida ou desrespeitada, independentemente do ocorrido. A empresa tem o maior interesse em esclarecer o que aconteceu e está permanentemente atenta a qualquer desvio de conduta da sua rede de colaboradores e fornecedores. E não medirá esforços para reforçar as práticas, já adotadas, de respeito incondicional as pessoas em quaisquer circunstâncias. A companhia reitera que os 40 mil funcionários corroboram com seus valores e recebem treinamento e atualização constante para garantir o bem estar dos consumidores. O Carrefour ainda apoia e se relaciona com entidades especializadas em diversidade, o que reafirma o compromisso da rede com o tema”.

R$ 15 mil: Carrefour é condenado a pagar indenização a funcionária chamada de ‘sapatona’

 
 
 
 

 

Fonte: Instituto ao Luiz Gama

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